FADO

UM NEGÓCIO EM CRESCIMENTO

O seu nome significa “destino” e no seu ADN conta não só a tristeza e a dor, mas agora também o peso de herança cultural intangível. O fado é um bem que o mundo quer preservar e que, por isso, tem todos os ingredientes para ser um caso de sucesso comercial para Portugal.

 

Imortalizado pela voz de Amália, o fado recebeu em novembro a distinção única de Património Oral e Imaterial da Humanidade, pela UNESCO. Agora, a canção que nasceu nas tabernas e ruelas da nossa Lisboa e que se ouve no pulsar de Portugal, acompanhada pela única e maravilhosa guitarra portuguesa, passou a ser também uma canção do mundo e a ter estatuto de herança cultural intangível. Mas o que ganha o país com isso, além de um orgulho imenso nesta música que corre nas suas veias? É certo que o fado concorreu à lista representativa de património imaterial da Humanidade, o que significa que não irá receber dinheiro da UNESCO por esta classificação. Só o receberia se estivesse em risco de desaparecer ou caso se tivesse candidatado a um apoio. Mas o que pretendiam os portugueses que se lançaram nesta aventura, liderados inicialmente por Pedro Santana Lopes, então president da Câmara de Lisboa, era simplesmente o reconhecimento internacional da beleza desta canção única. Agora, claro que esse reconhecimento tem consequências positivas para o fado, em particular, e para Portugal, no geral. De que forma? Através sobretudo do turismo e do reconhecimento e enriquecimento de todas as pessoas envolvidas com este tipo de música, sejam os fadistas, os guitarristas, os donos das casas de fados ou, no limite, todos os que têm estabelecimentos ou se dedicam a vender produtos que ganham com o aumento do turismo. Como dizia, ao Diário Económico, o presidente da comissão científica da candidatura portuguesa, Rui Vieira Nery, logo após a atribuição da classificação por parte da UNESCO, “vamos ganhar uma exposição pública internacional que é o meio mais valioso que podemos ter (…). Todos osgrandes jornais, revistas e televisões vão estar a falar da candidatura do fado. E isso tem um valor económico em termos de reconhecimento de marca, se quisermos, enorme. Haverá consequências económicas desta candidatura, não há dúvidas”.

 

Lado a lado com o tango

O fado passa, agora, a ser reconhecido ao lado de estilos tão importantes como o flamenco ou o tango e espera-se que muitos turistas amantes da boa música visitem Portugal em busca dele, trazendo um retorno financeiro para o país, que se espera grande. Para já, quem mais ganha são os artistas. E foi também graças a eles que o fado conseguiu ganhar o estatuto de Património Imaterial da Humanidade. Nomes como Amália ou Carlos do Carmo, no passado, levaram bem longe o nome de Portugal. Não menos importantes, hoje temos vozes como as de Mariza, Carminho ou Ana Moura, que nos quatro cantos do mundo encantam os povos com as suas melodias. (…)