PROGRAMA NUCLEAR DO IRÃO

DUELO DE TITÃS

Estados Unidos da América versus Irão. Em três décadas de sanções internacionais impostas ao Irão, os progressos na contenda do seu programa nuclear são absolutamente nulos. Aliás, só têm servido para acicatar ainda mais as diferenças entre ambos os países.

 

No passado dia 6 de Agosto, o Mundo lembrava-se da destruição maciça, originada pela bomba atómica, na cidade de Hiroshima, que matou 180 mil pessoas. A existência do nuclear como um novo elemento na balança de poderes deu-se em 1945, quando, após se ter verificado os efeitos das bombas atómicas, as nações acorreram em massa à obtenção de capacidades nucleares. Passadas apenas duas décadas, Inglaterra, União Soviética, China e França já tinham os seus próprios programas nucleares. As diferenças entre Oriente e Ocidente são seculares e espelham bem o choque de civilizações. A preguiça intelectual patente entre uns e outros tem sido imbuída de uma enorme intolerância, incompreensão religiosa, falta de reconhecimento e de compreensão. Segundo Samuel Huntington, a civilização ocidental conquistou o mundo através da capacidade de apelar à violência organizada, e não pela superioridade dos seus valores. Os ocidentais receiam que os muçulmanos considerem a sua cultura superior e que estejam obcecados com a inferioridade do seu poder. Do outro lado, os muçulmanos vêem a cultura secularista ocidental como materialista, arrogante, corrupta, decadente, (ir)religiosa e imoral. As guerras do Golfo foram vistas como guerras civilizacionais. E ao intervir, o Ocidente passou a mensagem de se opor veementemente a esta civilização.

 

EUA versus Irão

Desde há quase três décadas, que não assistíamos a uma autêntica mudança no discurso promovido por ambos os interlocutores das duas nações. Barack Obama, expoente máximo dos EUA, expressou uma vontade incondicional de dialogar com o Irão; de participar em todas as conversas multilaterais e bilaterais nucleares, e até o supremo líder do Irão, Ayatollah Khamenei, abençoou o diálogo. Teerão já fez saber que não reconhece qualquer capacidade à União Europeia para esta ser a sua interlocutora sobre o programa nuclear, tornando os EUA o único interlocutor viável. Segundo a organização não-governamental International Crisis Group (ICG), não existirá, no imediato, uma normalização total do programa nuclear. No entanto, estamos perante a hipótese de um diálogo a longo prazo, o qual irá minimizar o risco de confrontação, podendo avançar nas áreas de interesses comuns.(…)