PORTUGAL HIGH TECH
Decorreu entre os dias 7 e 10 de novembro e chegou ao fim com mais de 53 mil participantes oriundos de 166 países, incluindo 15 mil empresas, 7 mil presidentes executivos e 700 investidores, representando um retorno financeiro na ordem dos 200 milhões de euros. Foi assim a primeira edição da Web Summit, em Lisboa.
Até o Presidente da República aderiu de forma calorosa ao entusiasmo que contagiou Portugal e os portugueses com a realização e o então já antevisível sucesso da Web Summit, em Lisboa, ao considerar que representava uma “oportunidade única para pôr o mundo cá e colocar Portugal no mundo”. Marcelo Rebelo de Sousa, que se fez acompanhar na sua visita ao evento por Daire Hickey, cofundador da iniciativa, acabou mesmo por comparar o avanço tecnológico a “um tsunami civilizado que não vai parar”, não deixando contudo de deixar o alerta: “mas não podemos esquecer que a tecnologia é apenas um instrumento para os valores que muitos, muitos milhões de pessoas em todo o mundo, deixam para trás nesta revolução imparável, o que não é bom”. A Web Summit, que nasceu em 2010 na Irlanda, arrancou oficialmente no passado dia 4 de novembro e reuniu, em Lisboa, mais de 53 mil participantes oriundos de 166 países, incluindo 15 mil empresas, 7 mil presidentes executivos e 700 investidores, o que representou um retorno financeiro estimado em 200 milhões de euros. Mas o sucesso não se esgotou nestes quatro dias, já que a capital de Portugal será palco do evento até 2020, com a possibilidade de este se prolongar ainda por mais dois anos findo este prazo. Aliás, Paddy Cosgrave, o presidente da Web Summit, foi bem o espelho e arauto deste sucesso, deixando reforçada a ideia de que o número de participantes aumentará até ao máximo de 80 mil no próximo ano e que ficou bem claro que a escolha de Lisboa foi a escolha acertada, ao mesmo tempo que se manifestava como um apaixonado pela cidade: “não esqueçamos que estamos a falar de um ponto de encontro de líderes das maiores empresas tecnológicas do mundo, de presidentes de grandes empresas tradicionais, de primeiros-ministros e líderes da Comissão Europeia, e portanto vamos ver o que nos reserva 2017”. Para já, uma conclusão óbvia saiu também das suas palavras, a de que, nos próximos meses, certamente se ouvirá falar dos milhares de encontros que a conferência proporcionou, bem como a constatação das muitas relações que se estabeleceram entre empresas e investidores internacionais e as empresas portuguesas.
Balanço necessário
Para as 67 empresas portuguesas que participaram na Web Summit, o balanço, tanto quanto já é dado a conhecer, foi, na generalidade, considerado muito positivo e com a manifesta intenção de uma nova participação na edição de 2017. Uma nota curiosa que ressaltou, segundo um inquérito realizado pela agência Lusa a todos os participantes, foi a ideia expressa por cerca de dois terços das empresas de que a participação devia ser objeto de concurso e não por ingresso pago. Neste mesmo inquérito, os responsáveis de 33 startups portuguesas presentes na conferência consideraram ainda que os objetivos definidos para a Web Summit tinham sido atingidos. Outro setor que saiu claramente beneficiado com a realização da conferência parece ter sido o do Turismo, a avaliar pelas palavras de Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), questionado sobre a conferência aquando da realização do 28.º Congresso da AHP: “Não temos valores concretos de faturação, mas sabemos que nesta altura, em novembro, a ocupação dos hotéis andará normalmente por volta dos 60%-65% e, como sabem, essa ocupação passou para cerca de 90% na região de Lisboa. O país precisa de eventos como o Web Summit. Precisamos de reduzir a época baixa. Precisamos de trazer eventos ou congressos que venham nas épocas baixas.”
Um robô de Portugal para o mundo
Mas o grande protagonista da Web Summit deste ano acabou por ser a Kubo Robot, empresa dinamarquesa vencedora da competição Pitch e que desde logo anunciou que vai usar o prémio de 100 mil euros no processo de produção do seu robô, querendo colocá-lo no mercado já em 2017, produzindo 5 mil unidades. O Kubo é um robô educacional que foi desenvolvido em Odense, na Dinamarca, destinado a ensinar programação a crianças, com enfoque nos 8.º, 9.º e 10.º anos deescolaridade. Esta ideia teve a sua génese como projeto no Laboratório de Tecnologia Social da Universidade da Dinamarca do Sul, com o objetivo de desenvolver novas formas de ensinar tecnologia às crianças mais jovens. Para Tommy Otzen, um dos fundadores da empresa, se queremos realmente ensinar as crianças a programar e se queremos fazê-lo a sério, devemos “ensinar competências que as crianças possam usar num futuro onde a Inteligência Artificial e a robótica vão desempenhar um grande papel”. Tommy Otzen, que expressou o seu orgulho por terem vencido uma competição que contou com centenas de participantes de todo o mundo, adiantou ainda que a sua empresa vai lidar quer com o mercado escolar quer com o público em geral, e que o custo estimado do robô será de 220 dólares. Recorde-se que a startup dinamarquesa Kubo Robot vai receber 100 mil euros de investimento da sociedade de capital de risco pública Portugal Ventures.