SKYÜBER

uberNOVA APOSTA

Viajar num avião privado poderia não ser tão caro, caso se preenchessem todos os lugares disponíveis. A Skyüber é uma empresa portuguesa que presta um serviço de reservas, para partilhar e rentabilizar os lugares vagos.

A Skyüber é uma empresa portuguesa que está a desenvolver uma aplicação móvel para que qualquer pessoa possa apanhar uma boleia – e dividir as despesas – com pilotos que já tenham viagens programadas. Desta forma, viajar num avião privado pode não ser caro. O valor de cada deslocação inclui a viagem, bem como o calor no cockpit, a trepidação a baixa altitude, o possível enjoo e a experiência de voar num aparelho muito mais leve do que um carro utilitário. E, ainda, uma vista que é impossível a partir das pequenas janelas dos voos comerciais. Apesar do nome, a empresa não tem qualquer relação com a Uber, cuja aplicação permite chamar um carro com motorista. Também não quer ser uma versão de baixo custo das empresas que alugam jatos privados, nem concorrer com as companhias low cost, que estão a praticar preços cada vez mais reduzidos. A Skyüber não é uma empresa de transportes. É, antes, uma empresa que presta um serviço de reservas e que quer pôr pilotos a partilhar os lugares vazios. Carlos Oliveira, cofundador da empresa, um empresário e investidor de 38 anos, que foi secretário de Estado do Empreendedorismo entre 2011 e 2013, juntou-se a João Paulo Girbal, de 53 anos, antigo diretor da Microsoft Portugal e que é hoje sócio de uma escola de pilotos. Como são ambos entusiastas da aviação, o lançamento desta empresa foi algo bastante aliciante. A empresa tem como alvo as pessoas que precisem de fazer voos curtos, bem como os curiosos da aviação e quem queira viver a experiência de estar ao lado do piloto. Ou ainda os pilotos que se queiram encontrar para voarem juntos.

Uma frota para todos os gostos

Os aviões que se inscrevam na Skyüber poderão ser tão pequenos como um ultra-ligeiro de dois lugares, com cerca de 300 quilos ou ter uma capacidade máxima para seis pessoas. O sistema de partilha de custos permite ao piloto cobrar pelo combustível, pelo óleo, por eventuais taxas de descolagem e aterragem nos aeródromos e, se for caso disso, pelo aluguer do avião. Com um conceito que se encaixa perfeitamente no jargão “economia de partilha”, que faz jus à rentabilização de recursos excedentes, tipicamente através de plataformas online, a Skyüber pretende ter a maior frota do mundo de aviões, sem ser dona dos mesmos. Contudo, os voos não devem ser feitos com fins lucrativos. As regulações aéreas não permitem que os aviões privados cobrem pelo transporte Mas uma diretiva europeia veio abrir as portas a que os pilotos possam partilhar custos. Ainda assim, não é impossível alugar uma avioneta com piloto para uma viagem específica.

Portugal: mercado de testesuber2

Como acontece com muitas startups portuguesas, Portugal é o mercado de testes. A aplicação estará disponível em todo o mundo (inicialmente, apenas para o sistema iOS, da Apple), mas, no que diz respeito ao esforço de promoção, o país escolhido para o arranque foi o Reino Unido. Os passos seguintes deverão ser os mercados francês e alemão. O conceito já foi tentado por outras empresas nos EUA – mas as autoridades de aviação acabaram por decidir que a partilha de custos não é legal naquele país. Carlos Oliveira tem esperança de que haja uma mudança nas regras e que, nessa altura, a Skyüber esteja madura o suficiente para descolar no mercado americano.