AORTA É VIDA!

RUTURA DE ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL

RISCO EVITÁVEL

A morte por rutura de Aneurisma da Aorta Abdominal (AAA) é algo que devia ser raro no século XXI. Infelizmente tal não acontece e o número de casos tem-se mantido mais ou menos estável. Sabemos que apesar de todos os avanços terapêuticos no tratamento do AAA e dos cada vez mais sofisticados sistemas avançados de suporte à vida, a mortalidade global por rutura tem sofrido apenas reduções marginais. Cerca de 80% das situações continuam a ocorrer, e destas, cerca de metade traduzem-se por morte súbita. Estas mortes são em grande parte evitáveis. O diagnóstico precoce é a chave para solucionar este problema. Do ponto de vista clínico o AAA não origina, na grande maioria dos casos, qualquer sintoma, sendo muito frequente a primeira manifestação ser a rutura. É necessário ser proativo se pretendermos diagnosticar atempadamente um aneurisma. Está bem determinado qual o grupo populacional em risco de desenvolver um AAA, conhecemos os chamados fatores de risco e temos métodos de diagnóstico muito eficazes, seguros e pouco dispendiosos. No que respeita ao grupo em risco, sabemos serem os indivíduos com idade superior a 60 anos, principalmente do sexo masculino. Os fatores de risco são bem conhecidos e, de entre eles, o mais significativo é o ser ou ter sido fumador, mas a existência de hipertensão arterial, de colesterol elevado, de doença cardiovascular ou de doença pulmonar obstrutiva crónica é também de realçar. Baseada nesta definição de grupo de risco, o passo seguinte para o diagnóstico é a realização de uma ecografia abdominal com visualização da aorta. Este meio auxiliar de diagnóstico é muito eficaz, já que diagnostica a doença em praticamente todos os casos; é seguro, portanto, passível de ser repetido quando necessário e sem riscos; e, importante, é económico, estando disponível em todo o país. Embora haja condições para um diagnóstico atempado, infelizmente ele não é feito. Não se pretende discutir as razões desta realidade, mas seguramente que o incremento da informação sobre o AAA, feito quer a nível populacional quer dedicado à comunidade médica, terá́ um efeito importante sobre a realidade referida. Muitas ações informativas têm sido levadas a cabo, mas sem o envolvimento de estruturas oficiais, os resultados serão sempre inferiores ao desejado. É necessário que a nível governamental, Ministério da Saúde (Direção-Geral da Saúde), sejam criadas recomendações de boas práticas médicas sobre o diagnóstico do Aneurisma da Aorta Abdominal. Tem sido feito a propósito de outras patologias com excelentes resultados. Quando tal suceder, seguramente que a mortalidade relacionada com o AAA será́ significativamente reduzida.

Para mais informações, consulte o site da campanha disponível em www.aortaevida.com

João Albuquerque e Castro, cirurgião vascular do Hospital de Santa Marta (Centro Hospitalar de Lisboa Central) e coordenador nacional da campanha “Aorta É Vida!”