FAZ

Encontro FAZ @ Fundação Calouste Gulbenkian [03.06.2016]MAIS E MELHOR 

 O projeto FAZ – Ideias de Origem Portuguesa (FAZ-IOP) destina-se a todos os portugueses que que têm ideias, talento e vontade de fazer mais e melhor. Esta é uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian na área do empreendedorismo social.

FAZ – Ideias de Origem Portuguesa é um desafio a todos os portugueses na diáspora.  É uma convocatória a todos os que, apesar da distância, desejam participar na construção de Portugal, através de uma cidadania ativa, envolvente e participativa. Ideias de Origem Portuguesa é um concurso para encontrar e promover projetos nas áreas do Ambiente e Sustentabilidade, Inclusão Social, Diálogo Cultural e Envelhecimento, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian. Para participar, basta ter vontade de implementar um bom projeto de inovação social, juntar uma equipa de três pessoas que inclua, pelo menos, um português ou lusodescendente residente no estrangeiro, ter um discurso poderoso e convincente, fazer um vídeo com o mesmo. Seguidamente basta passar a palavra e manter as pessoas atualizadas e envolvidas e promover o debate. A sua ideia irá ganhar com a contribuição de todos. Já foram selecionados os dez projetos finalistas da 5.ª edição do FAZ-IOP. Entre as 53 ideias submetidas a concurso, que envolveram participantes de 20 países, incluindo Portugal, o júri selecionou 10 projetos. As equipas finalistas integram elementos de Espanha, Alemanha, França, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil e Qatar, que irão receber formação intensiva do Instituto de Empreendedorismo Social até ao anúncio do vencedor do concurso. Envolver as mulheres pescadoras na proteção das pradarias marinhas do Sado, promover a brincadeira das crianças no espaço público, mas também implantar nas cidades “árvores” movidas a energia solar onde se pode carregar o telemóvel e aceder à internet são algumas das ideias originais selecionadas para a lista dos finalistas.

Vários projetosEncontro FAZ @ Fundação Calouste Gulbenkian [03.06.2016]

De natureza muito diversa, os projetos apresentados a concurso focam-se em questões de sustentabilidade ambiental, de preservação do património cultural, do bem-estar das crianças e das famílias, da educação e solidariedade comunitária, tendo em conta também os estilos de vida contemporâneos. GUARDIÃS DO MAR é um dos projetos nesta lista de finalistas que pretende responder ao problema da degradação e destruição das pradarias marinhas e o seu impacto no declínio da população de golfinhos do Sado, bem como no desemprego e desvalorização social e cultural das mulheres pescadoras. O projeto propõe atividades de sensibilização do público e a monitorização e proteção direta deste habitat, envolvendo a comunidade local de mulheres pescadoras e apresentando alternativas para o seu desemprego. Duas destas pescadoras fazem, aliás, parte da equipa do projeto, que resulta do cruzamento das preocupações de uma portuguesa formada em Gestão, residente em Barcelona, e de uma bióloga marinha que segue a população de golfinhos do Sado há mais de 20 anos. A pensar nas crianças e no seu bem-estar são vários os projetos nesta lista, a começar pelos benefícios de brincar livremente no espaço público, em segurança. Esta é a ideia essencial dos projetos BRINCAR DE RUA, inspirado na realidade dos países da Europa do Norte, em particular da Alemanha (onde reside uma das promotoras do projeto), e 1, 2, 3, MACAQUINHO DO XINÊS, que se quer afirmar “num tempo em que as ruas são dominadas pelos carros, os vizinhos não se conhecem pelo nome e em que o brincar se tornou altamente organizado, dominado pela agenda dos adultos”. Para isso, é proposta a formação de “brinconautas”, facilitadores entre as crianças e o ambiente da brincadeira. Igualmente dirigido aos mais novos é o projeto SOCIEDADE DO BEM, um programa de literacia e alfabetização emocional e social, que previne a indisciplina, o insucesso escolar e a violência nas escolas, desenvolvendo a empatia, o altruísmo e a positividade nas crianças. Os casais com filhos recém-nascidos também não são esquecidos nesta edição do concurso Ideias de Origem Portuguesa. LUA DE LEITE é um projeto que chama a atenção para a importância decisiva de cuidados adequados no período do pós-parto, para a promoção da saúde física e emocional de mães, bebés e famílias e, por extensão, para a saúde das comunidades. Pretende criar uma plataforma de apoio aos pais, para que estes possam ter acesso a cuidados pós-parto domiciliares de baixo custo e de acesso universal em Portugal, inspirado nos existentes em países como o Reino Unido e os Países Baixos. Educar os jovens para que desenvolvam a sua expressão oral em público é o que pretende o projeto ELOQUENTIA, um programa educativo desenvolvido em colaboração com universidades e outras instituições de ensino. O projeto já está estabelecido em França, em seis universidades e cerca de cem colégios, e é gratuito e de livre acesso para todos os participantes. E se nos jardins e espaços públicos urbanos de grande circulação houvesse “árvores” com wi-fi, alimentadas por painéis de energia solar fotovoltaica, onde qualquer pessoa pudesse carregar o seu telemóvel e outros gadgets, e até scooters elétricas? Esta é a ideia do projeto VTREE SOLAR, um produto inovador que associa design e tecnologia e que pretende responder a problemas de conectividade no quotidiano, democratizando o acesso à rede. Outro projeto apresentado a concurso é O VALOR DO DINHEIRO, que se afirma como uma plataforma de reflexão sobre o valor do dinheiro e a sua utilização. Sensibilizar as pessoas para o conceito de “custo de oportunidade” aplicado ao setor social está entre os seus objetivos, já que “o preço de um smartphone topo de gama equivale ao vencimento anual de um professor primário na Guiné-Bissau”, esclarece a plataforma, com um exemplo entre muitos. A divulgação da cultura e do património também marca presença neste concurso com os projetos JAZZ’ AQUI, para a promoção do jazz português, propondo, entre outras iniciativas, residências artísticas e a criação de um festival de jazz itinerante fora de Portugal, exclusivamente com músicos nacionais, e ainda o projeto PÉS NA TERRA E MÃOS À OBRA, que pretende salvaguardar a construção em terra, uma prática muito presente no património arquitetónico português, ambientalmente sustentável e que proporciona vantagens térmicas e acústicas às construções. O projeto defende que muitas das novas construções em terra respondem aos padrões de conforto atuais com uma imagem contemporânea e que é importante sensibilizar as novas gerações para a preservação e reabilitação das construções em terra.

Projeto vencedor

O projeto GUARDIÃS DO MAR que pretende proteger o rio Sado e promover o emprego das mulheres pescadoras, venceu o FAZ 2016. O prémio, no valor de 25 mil euros, foi anunciado pela Fundação Calouste Gulbenkian, promotora do concurso de ideias. Em 2.º e 3.º lugares ficaram, respetivamente, o projeto VTREE SOLAR (15 mil euros), e a ideia JAZZ’ AQUI (10 mil euros). A cerimónia de entrega dos prémios, inserida nas comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian e contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.