Revista FRONTLINE
Utilizando apenas a água gelada do rio Torne, um grupo de artistas provenientes dos quatro cantos do mundo produz um hotel único. Ainda que saibam que o fruto de tanta imaginação e trabalho vai derreter com os primeiros raios de sol da primavera, acreditam que criar arte vale a pena, mesmo quando esta é efémera.
Uma sensação de silêncio caracteriza Jukkasjärvi. A pequena vila sueca fica a 200 km a norte do círculo polar ártico, uma linha imaginária ao norte da qual há pelo menos um dia inteiro de noite absoluta no inverno e um dia inteiro de luz absoluta no verão, o conhecido sol da meia-noite. A cidade mais próxima, Kiruna, fica a uma distância de 17 km. O clima frio da Lapónia sueca e as inesperadas luzes do Norte – um espetáculo celeste em tons verdes e azuis – enquadram o hotel mais invulgar do mundo. As águas límpidas do rio Torne são fonte de inspiração e o próprio material do edifício do IceHotel. Espera-se então que o inverno comece, para ver chegar a equipa de construtores, arquitetos, decoradores e artistas de todo o mundo: começa a construção do IceHotel. A neve é colocada em moldes de aço para dar forma e estrutura ao edifício. Depois de alguns dias, os moldes são retirados, fazendo sólidos corredores e paredes de neve. As máquinas que transportam blocos de gelo de várias toneladas e os artistas que trabalham esculturas de gelo são um espetáculo que atrai multidões todos os anos. Constrói-se o hotel a céu aberto, usando o inverno como aliado: o tempo previsto e o progresso do edifício depende, por isso, quase inteiramente da natureza. Sob a direção do Icehotel Art & Design Group, é assim criada uma nova versão anual da unidade, sempre diferente das precedentes. Para construir a 22.ª versão, os artistas deste ano vieram de 15 países diferentes. Trabalharam arduamente para que o hotel possa acolher visitantes ao longo deste inverno.
A força da natureza
A partir de dezembro o sol nunca sobe acima do horizonte: é a altura mais escura do ano. Será assim até à primavera, quando os primeiros raios do sol da meia-noite começarem a derreter os tetos e as paredes de neve. Por fim, o hotel fechará as portas a 15 de abril de 2012, para devolver a sua estrutura ao rio e tornar-se de novo água fresca e corrente. (…)