LANÇAMENTO LIVRO

DEMOCRACIA EM ANÁLISE

O amplo Salão Nobre dos Paços do Conselho foi pequeno para acolher as mais de duas centenas de personalidades que quiseram estar presentes no lançamento do livro Os Governos da República – 1910-2010, da autoria de Alberto Laplaine Guimarãis, Bernardo Diniz de Ayala, Manuel Pinto Machado e Miguel Félix António, que traça a história de governos e presidências da República, desde a sua implantação em 1910, não esquecendo os retratos biográficos dos seus titulares. Falando em nome de todos os autores, Alberto Laplaine Guimarãis revelou que este projecto levou 10 anos a amadurecer e a ser concluído pelos quatro amigos, e que nem sempre foi fácil acertar as “posições nada consensuais” entre as várias cabeças pensantes. Mas, garantiu, “pesem embora as diferenças de opinião, nada afectou a nossa amizade”. O autor – advogado e docente universitário, que, entre as muitas funções que desempenhou, foi secretário do Conselho de Estado e adjunto do Presidente Jorge Sampaio, e é, actualmente, o secretário-geral da Câmara Municipal de Lisboa – revelou ainda que a intenção foi a de deixar um registo dos últimos 100 anos da nossa história e da história das instituições (nomeadamente dos órgãos de soberania Governo e Presidência da República), que possa ser de utilidade não só para historiadores como para todos os cidadãos interessados. Jorge Sampaio, que “por amizade” abriu uma excepção para apresentar este livro – acto em que “não se sente geralmente muito confortável” –, classifi cou-o como uma “obra de rigor e de excelência científi ca”. Para o antigo Presidente da República, “quanto mais rico for o conhecimento do passado, maior a é percepção do presente, para sabermos o que devemos ser no futuro”. Jorge Sampaio, que também foi president da Câmara Municipal de Lisboa, mostrou-se satisfeito por estar de novo neste Salão Nobre, e “com casa cheia”. Depois de recordar algumas experiências vividas no exercício do cargo (incluindo as que considerou mais difíceis, em 2004: empossar o novo Governo após a demissão do governo de Durão Barroso e dissolver a Assembleia da República meses depois, levando à demissão do governo de Santana Lopes), Jorge Sampaio concluiu com uma mensagem de confi ança na democracia e de esperança na capacidade dos portugueses: “não há fatalismos; vamos ultrapassar as dificuldades com a nossa força criativa”.