PALÁCIO CHIADO

Palácio Chiado (1)EXTRAVAGANTE FUGA AO BANAL

Erguido em meados de 1781, o Palácio Chiado, antiga casa do barão de Quintela, foi completamente remodelada e voltou a abrir as portas aos lisboetas sob o nome Palácio Chiado. No seu interior descobrem-se vários conceitos e restaurantes que se misturam com peças históricas, clássicas e modernas e com arte, muita arte. E há boas notícias para Portugal: o Palácio Chiado é um dos cinco eleitos pela revista Wallpaper, para Melhor Novo Restaurante. Por sua vez, Lisboa venceu na categoria de Melhor Cidade do Ano.

Era uma vez, um requintado Palácio, onde aristocracia e bons vivants bailaram, reuniram-se em faustosos banquetes e apreciaram obras de arte inéditas. Um palácio distinto, quer pela magnífica arquitetura, quer pela sua história e vivências, ao hospedar personalidades irreverentes associadas à origem de expressões como “farrobodó” ou a também célebre “à grande e à francesa”. Este ambiente invulgar não passou despercebido à revista Wallpaper, especializada em design, arquitetura e lifestyle, que todos os anos elege os melhores espaços de cada área nos Design Awards, tendo nomeado o Palácio Chiado para Melhor Novo Restaurante. O terramoto de 1755 reduziu o edifício do conde de Vimioso a escombros, o qual foi mais tarde reconstruído pelo barão de Quintela. Foi nesse espaço, no Chiado, que o general Junot se instalou durante as Invasões Francesas, e muitos anos depois, o palácio chegou às mãos de um descendente do marquês de Pombal. Décadas mais tarde, Duarte Cardoso Pinto, neto do descendente do marquês, desafiou os irmãos Gustavo e António Duarte e viu, na saída do IADE – que até então ocupava o edifício do palácio na Rua do Alecrim – a oportunidade de avançar para a criação do conceito Palácio Chiado. Surgia assim, em março de 2016 – depois de dois anos a maturar a ideia –, um espaço “pensado para os portugueses, para os lisboetas, mas também para os turistas”, e que pretende ser “uma extravagante fuga ao banal!”, tal como refere Joana Godinho Coelho, uma das responsáveis. Foram necessários alguns meses para a recuperação das salas centenárias, dos estonteantes frescos, que surpreendem a cada sala, bem como dos tetos trabalhados. Foram também criados dois andares, capazes de acolher ofertas de restauração muito distintas.  Com um projeto arquitetónico da autoria de Frederico Valsassina, com Elvira Barbosa a assegurar o restauro das pinturas e vitrais e com a decoração a cargo da arquiteta Catarina Cabral, cuja preocupação foi manter os traços originais e ser fiel ao passado histórico, o resultado só poderia ser um: um espaço distinto e diferente de tudo o que já existe na cidade. Para a decoração Catarina Cabral apostou em peças sóbrias e intemporais, que pudessem integrar o ambiente do palácio, sem se sobreporem à imponência dos detalhes e frescos já existentes. A arquiteta projetou cada sala de forma independente, tornando cada espaço único e com uma identidade própria, de forma a proporcionar uma experiência diferente, que pode ser partilhada entre amigos, num almoço ou jantar diferentes. “Queremos que os nossos clientes tenham, depois de um dia de trabalho, uma experiência única”, revela Joana Godinho Coelho. Nestes 10 meses de funcionamento, o balanço está a ser muito positivo: “recebemos agora uma nomeação para os prémios da Wallpaper e ficámos muito contentes porque achamos que é muito bom para divulgar o Palácio do Chiado, mas também para promover Lisboa, que, entretanto, venceu o prémio de Melhor Cidade do Ano”, conclui a responsável.

Espaços gastronómicosPalácio Chiado (4)

À entrada, um bar, com ambiente descontraído e com uma carta criada pelo Ás de Copos, acolhe os visitantes. Depois, sete ofertas gastronómicas, com preços para todos os gostos, fazem as delícias dos comensais mais exigentes. Mas iniciemos esta viagem pelas diferentes propostas existentes no piso zero. De marcas-mãe reconhecidas, surgem espaços como o Meat Bar, derivado do restaurante Atalho; o Local Chiado (pelo Local – Your Healthy Kitchen, criado pela blogger Maria Gray); o Páteo no Palácio (do Páteo do Petisco); e o Bacalhau Lisboa (novo projeto da Charcutaria Lisboa). E porque a doçaria não poderia faltar, desenganem-se aqueles que pensam que não existe um espaço somente dedicado às sobremesas: a Confeitaria do Palácio faz as delícias dos mais gulosos e está em funcionamento desde outubro. No Local – Your Healthy Kitchen são apresentadas receitas que sabem bem e fazem bem. A aposta recai sobre uma alimentação saudável, fomentando o consumo de proteína vegetal, mas respeitando quem prefere outras alternativas na sua dieta, nomeadamente propostas sem lactose, sem glúten, entre outras. No espaço Bacalhau Lisboa descobre-se o melhor deste peixe, que é rei em Portugal. Recuperando a tradição daqueles pratos típicos, que só conseguimos encontrar em casa dos nossos avós, no Bacalhau Lisboa é possível provar desde a patanisca ao pastel de bacalhau, sem esquecer, claro, o bacalhau à Brás. Para acompanhar está, claro, o arroz de feijão com grelos, a salada mista ou a batata assada. Esta é uma viagem inesquecível por sabores portugueses. O Meat Bar foi pensado para os aficionados de carne e é dedicado a pessoas que gostam de experimentar e dar a conhecer carnes vindas dos quatro cantos do mundo. Aqui, partilha-se o prazer de comer uma boa sandes ou um bom bife. Sempre focado na carne, o menu é inspirado em novidades, mas sem esquecer os clássicos. Ainda no piso zero descobre-se o Páteo no Palácio, que apresenta uma grande variedade de petiscos tipicamente portugueses. Desde o caldo verde às moelas, dos peixinhos da horta às lascas de batata, não esquecendo a grande variedade de pregos. Este é, sem dúvida, o local ideal para petiscar! O mais recente espaço é a Confeitaria do Palácio, que oferece uma vasta e deliciosa montra de sobremesas, desde as conventuais até outras mais arrojadas e também gelados. Delicie-se e nem pense nas calorias! No Palácio do Chiado, e tal como refere Joana Godinho Coelho, “a verdade é que cada sala acolhe uma oferta distinta, com um ambiente próprio”, e a vantagem é que os clientes podem circular, livremente, pelas salas e escolher a que mais lhes agradar para desfrutar da sua refeição. “É normal verem-se mesas em que existe um prato de cada restaurante”, sublinha. As bebidas são servidas à mesa e, de forma a controlar o consumo, e até mesmo para libertar os lojistas dessa preocupação, cada cliente recebe um cartão de consumo à entrada e depois paga todo o seu consumo quando sair.

Palácio Chiado (13)Mais propostas ao cimo das escadas

Subindo a imponente escadaria, deparamo-nos, no primeiro andar, com algo soberbo, um enorme leão dourado suspenso – inspirado nos leões existentes nas portas do palácio –, que domina todo o espaço e sobrevoa o foyer com um pé-direito de 10 metros de altura. Abrem-se, neste piso, as portas para as salas nobres. A sala do bar liga-se com a sala onde os frescos registam o rapto das Sabinas, episódio lendário da história de Roma, e onde está o DeLisbon (da Charcutaria Lisboa), com enchidos, queijos e tapas de excelência, um regalo para os palatos mais exigentes. Pela ala esquerda estende-se o Sushic Chiado, o restaurante premium do espaço. O conceituado restaurante de sushi e comida asiática, eleito o segundo melhor restaurante de sushi do mundo, fora do Japão, salta a margem do rio Tejo para se hospedar em Lisboa. Este é o único espaço, em todo o palácio, que tem uma sala própria, ou seja, o conceito de partilha de espaços existente não se aplica aqui. Em relação a preços, eles também são distintos consoante os pisos. Enquanto o piso zero apresenta uma média de 15 euros por pessoa, sem bebidas, no primeiro andar o valor sobe, situando-se entre os 25 e os 50 euros. Durante a semana existe, contudo, um menu ao almoço – Menu à Barão – cujo valor é de 10,90 euros, com bebidas e café incluídos. No Sushic Chiado, está disponível um Menu Executivo por 16,50 euros, sem bebidas. Estes menus pretendem “responder à procura de quem trabalha perto do palácio”, revela Joana Godinho Coelho. No primeiro andar descobre-se ainda a Sala Quintela, que pode ser alugada para eventos privados. Com capacidade até 18 pessoas sentadas ou 25 em sistema volante, o espaço pode ser alugado por particulares, para desfrutar de uma refeição de forma mais recatada, para um jantar entre amigos ou para eventos.

 

Arte e gastronomiaPalácio Chiado (17)

Funcionando como uma galeria de arte, o Palácio do Chiado apresenta, todos os meses, exposições de arte de diferentes artistas. Em março deste ano, será também apresentada uma coleção de pintura, da mestre Sónia Domingues, inspirada na história deste palácio. Por outro lado, estão também pensadas visitas guiadas ao espaço, que contarão com a colaboração do professor Manuel Gandra, do IADE. “Queremos muito apostar nesta vertente cultural e artística do Palácio, não descurando a gastronomia”, sublinha a responsável.  Os Sábados Extravagantes são outra das apostas do espaço e contam com DJ e animação diversificada. Para 2017, Joana Godinho Coelho, revela que o objetivo do Palácio Chiado é “sedimentar a ideia inicial e torná-la cada vez mais consistente”.