NUNO MELO

A AD E OS OUTROS

A melhor avaliação do fracasso da governação socialista dos últimos oito anos foi feita pelo próprio Pedro Nuno Santos, que no final de dezembro dizia: “não quero o país a arrastar os pés”. Acontece que quem manteve o país a arrastar os pés foi António Costa, foi Pedro Nuno Santos e foi o PS. Quem durante oito anos nos teve a arrastar os pés não será certamente capaz, agora, de nos fazer correr e saltar obstáculos.

A política portuguesa precisa de senso e de lucidez. Mas quanto mais se percebe o delírio de promessas e o alinhamento de posições à nossa volta, mais se vê como a vitória da AD é uma questão de interesse nacional, que transcende em muito o PSD e o CDS.

Se o BE propôs novos impostos sobre a banca para financiar encargos na habitação, o Chega copiou a ideia e aumentou a parada, para propor esses impostos e ainda a transformação do PRR em subsídios, o que, vindo de quem diz ser contra a subsidiodependência, é extraordinário. Se o BE propôs um imposto sobre os lucros das gasolineiras, o Chega copiou a ideia e aumentou a parada elevando-o a 40%. Conviria alguém avisar a Mariana Mortágua e o André Ventura que quem pagaria esse imposto não seriam as empresas, mas sim os consumidores, sobre quem fariam incidir os novos encargos.

Se o BE propôs o aumento das pensões mínimas até ao valor do salário mínimo, o Chega copiou-lhe a ideia, mas sem pegar na máquina de calcular, facto normal, porque os populistas radicais não fazem contas. Sucede que, com isso, garantiriam ambos um rombo permanente nas finanças públicas de perto de 14 mil milhões de euros, todos os anos, equivalente a oito aeroportos do Montijo, dois aeroportos de Alcochete, cinco TAP, o dobro de todos os impostos pagos anualmente por todas as empresas em Portugal, mais de dois terços do orçamento total do Serviço Nacional de Saúde e quase 50% mais do que o orçamento para a Educação. É obra. De comum com José Sócrates, o BE e o Chega mostram a capacidade de levar Portugal à bancarrota, só que mais rápido.

Já no PS, o que se vê é quase perverso. Como classificar um partido que em oito anos bateu todos os recordes de carga fiscal, quando a inflação disparou, não atualizou os escalões de IRS, quando o preço dos bens alimentares essenciais era absurdo, recusou o IVA zero durante um ano, quando as taxas de juro dos créditos à habitação colocaram famílias em risco, impediu o desconto desses aumentos no IRS, mas agora, quando o primeiro-ministro se demitiu, a dois meses de eleições e com poderes de gestão, se desdobra em promessas, dizendo que vai dar tudo a todos?

Qual o adjetivo qualificativo para um partido que agora, em vésperas de eleições, envia um SMS a 2,7 milhões de pensionistas dizendo “a sua pensão foi aumentada, consulte o novo valor no recibo na Segurança Social Direta”? Um partido que age assim já não merece perder eleições só por ser incompetente. É também por razões de princípio e de decência.

O PS não se define pelo que promete agora a dois meses das eleições. O PS define-se pelo que fez e mostrou durante oito anos nas governações. São os últimos oito anos que mostram a essência do PS. Os últimos dois meses são só a propaganda. É a essência que os eleitores têm de avaliar no próximo dia 10 de março, não é a propaganda. A essência do PS está num partido que em oito anos bateu todos os recordes de carga fiscal. Está na classe média vergastada, com vencimentos estagnados e rendimentos disponíveis ridículos, mutilados por fatias crescentes de IRS, IVA, IMI, IUC, ISP e outros impostos nascidos da capacidade delirante de quem transformou a justiça fiscal numa espécie de extorsão tributária.

O socialismo é inimigo do mérito e do esforço e só é bom a cobrar e a proibir. Em coerência o PS, já tem na calha a reintrodução do mais imoral dos impostos, o imposto sucessório. Com Pedro Nuno Santos, a apropriação do esforço dos outros será até à campa. Nem na morte os contribuintes se livrarão do fisco.

A AD será diferente disto tudo. A AD vai devolver eficácia e humanismo ao Serviço Nacional de Saúde, rigor à Educação, rendimentos às famílias e às empresas através da redução da carga fiscal, terá respostas para os problemas da pobreza, da Habitação e dos Transportes, vai executar com competência os fundos comunitários, da Política Agrícola Comum ao PRR e tomará medidas para que se possa ser jovem e viver e trabalhar em Portugal. A AD é a única alternativa estável, lúcida, previsível e com quadros capazes – que não teve de recrutar no refugo de outros partidos – ao PS do poder. É tempo de dar uma nova esperança a Portugal.

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