A ESCASSEZ DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A escassez de profissionais de saúde, mais do que um problema generalizado, tem vindo a transformar-se numa verdadeira crise de saúde pública e vem em crescendo mesmo antes da pandemia de Covid-19.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem estado particularmente atenta a este grave problema e na sua 75.a Assembleia Mundial da Saúde, em abril de 2022, chamou a atenção para países em diferentes níveis de desenvolvimento económico estarem a enfrentar desafios e escassez de mão de obra na área da Saúde e da prestação de cuidados, muitos dos quais resultam do subinvestimento pré-existente em múltiplos sistemas de saúde, na falta de preparação e resposta a emergências e foram obviamente ampliados pela pandemia da doença do coronavírus.
Esta situação conduziu a ineficiências nos sistemas de saúde, bem como a uma incapacidade de planear, produzir, absorver, investir e desenvolver adequadamente as pessoas no domínio da saúde e da prestação de cuidados e de alcançar os benefícios sanitários, sociais, de igualdade de género e económicos que se sabe gerarem. A situação continua sob atenção e em março de 2023 a OMS divulga a “Declaração de Bucareste” sobre profissionais de saúde e prestação de cuidados como resultado da sua reunião regional de alto nível na Europa. O lema da declaração é significativo: “É tempo de agir.”
A situação torna-se mais complexa quando a revista Health Affairs de fevereiro de 2023 divulga que os países mais ricos apresentam uma densidade de profissionais de saúde 6,5 vezes acima da registada nos países mais pobres, mas que simultaneamente, muito antes da pandemia, os EUA enfrentavam já uma escassez de profissionais de saúde em todo o continuum de cuidados, havendo 2,7 vagas abertas para cada posição preenchida.
Em suma, existe um desequilíbrio entre procura e oferta de profissionais de saúde. Seja qual for a perspetiva em debate, é verdade que se trata de um problema multifacetado e que infelizmente predomina o debate sobre o problema e não sobre a solução. E citando Albert Einstein, “não podemos resolver os nossos problemas com o mesmo pensamento que utilizámos quando os criámos”.
ATRAIR E RETER COLABORADORES
A PwC no seu relatório “Global Workforce 2022” lembra que o termo “A Grande Demissão” foi criado em maio de 2021 e descreve o número recorde de pessoas que deixaram os seus empregos desde o início da pandemia. Após um longo período a trabalhar a partir de casa sem deslocações para o trabalho, muitas pessoas decidiram que o seu equilíbrio entre a vida profissional e pessoal se tornou mais importante. Embora a maioria procure salários mais altos, mais de dois terços afirmam que estão em busca de maior realização no local de trabalho. Na verdade, dinheiro por si só parece não ser suficiente para reter os trabalhadores.
A professora Isabell Welpe, da Universidade de Munique, em conversa no Fórum Económico Mundial em 2021, afirmou que os empregadores precisam mudar o seu foco para atrair e reter os seus colaboradores e lembra que “o novo normal, com mais possibilidades de trabalho assíncrono, deve permitir uma situação vantajosa tanto para os trabalhadores como para as organizações”.
A nível global enfrentamos o problema fundamental de que a procura pelos ser- viços está a superar a oferta. Há simplesmente demasiado trabalho a fazer para o pessoal disponível. Os profissionais estão a trabalhar arduamente para satisfazer a procura crescente, mas parece não ser sustentável. Cada vez mais, reter talentos é tão importante quanto descobri-los. Se as organizações se querem adaptar ao futuro, terão de adotar estratégias para “Atrair, Envolver, Desenvolver e Reter as Pessoas”.