LUÍS PISCO

SAÚDE E ELEIÇÕES

O primeiro-ministro Rishi Sunak convocou eleições gerais antecipadas no Reino Unido para o dia 4 de julho. Á semelhança do que tinha acontecido recentemente em Portugal, aumentou o já de si habitual enorme interesse pela Saúde,sobretudo o desempenho da prestação pública, e a expectativa sobre o que fará o próximo governo.

A saúde do Reino Unido está desgastada, o NHS está em crise e as pessoas desesperam para obter os cuidados de que precisam. Então, o que deve fazer o próximo governo? Várias organizações partilham nesta ocasião os seus pontos de vista e a sua análise sobre a saúde e a segurança social para estas eleições gerais de 2024.

The Health Foundation é uma organização independente e não lucrativa que trabalha para construir um Reino Unido mais saudável e que divulga investigação e análise política da maior qualidade, sempre baseada nas melhores evidências científicasdisponíveis a nível internacional, e que procura lançar luz sobre como fazer mudanças bem-sucedidas acontecerem.

Com este objetivo disponibiliza no seu sítio na internet um conjunto de reflexões e respostas que considera as mais relevantes a serem analisadas e resolvidas pelo próximo governo, independentemente de quem ganhe as eleições. Três questões são prioritárias.

De quanto financiamento precisa o NHS para a próxima década?

O próximo governo vai herdar um serviço de saúde no meio de um dos períodos mais desafiantes da sua história, com números quase recorde de pessoas à espera de tratamento hospitalar, pessoas a lutar para ver o seu médico de família e satisfação pública com o NHS em mínimos históricos. Nas próximas duas décadas, as pressões sobre a despesa da saúde vão aumentar mais do que a inflação e o crescimento económico. Isto é ainda mais verdadeiro quando o sistema de saúde é financiado principalmente pelos impostos. Abordar o financiamento necessário para melhorar o NHS significa enfrentar compromissos difíceis com o financiamento de outros serviços públicos e os níveis de tributação necessários.

Como pode o próximo governo melhorar a saúde da força de trabalho e impulsionar o crescimento?

A saúde da população em idade ativa está a deteriorar-se, sobrecarregando cada vez mais os cidadãos, o NHS e outros serviços públicos, bem como a economia do Reino Unido. Um número recorde de pessoas está fora do mercado de trabalho devido a problemas de saúde e cada vez mais pessoas a trabalhar relatam condições de saúde que limitam o seu trabalho.

O novo governo te de criar as condições para um mercado de trabalho saudável a longo prazo. É necessária uma meta ousada e ambiciosa para melhorar a saúde do país na próxima década e além disso, apoiada por uma estratégia intergovernamental para impulsionar a ação governativa necessária. Melhorar a saúde e reduzir as desigualdades requer uma abordagem abrangente que vai muito além do alcance do Departamento de Saúde e Assistência Social. “A maioria – se não – todos – dos departamentos governamentais tem um papel a desempenhar” na construção de uma nação saudável.

Como pode o próximo governo levar a prevenção da retórica à realidade?

A saúde do país está a desgastar-se, colocando um fardo crescente nos serviços públicos e limitando a prosperidade futura. Muitos destes problemas de saúde poderiam ser evitados.

Um novo governo deve estabelecer uma meta para melhorar a saúde do país e isso precisa ser um dos fatores-chave da política governamental na próxima década. Para conseguir isso, o governo precisa adotar uma abordagem orientada para a prevenção e paralelamente vai precisar de implementar políticas baseadas em evidências para prevenir o aparecimento precoce de problemas de saúde e retardar o progresso das condições diagnosticadas. O Governo deve colmatar lacunas críticas nos alicerces da saúde, em especial nas zonas mais desfavorecidas do Reino Unido, sendo necessárias medidas urgentes para combater a pobreza, aumentar o financiamento local e alterar a forma como os recursos são atribuídos para garantir que mais investimento é direcionado para as áreas mais carenciadas, orientar os serviços para a prevenção, aumentando a parte do financiamento destinada aos cuidados primários e preventivos e adotando uma abordagem a longo prazo para o investimento na prevenção.

Desigualdades

Uma boa saúde é o nosso bem mais precioso, permitindo que as pessoas atinjam o seu potencial, alimentando a economia e ajudando a construir uma sociedade mais forte. Mas a saúde do Reino Unido está a desgastar-se. A melhoria da esperança de vida estagnou; mais pessoas a viver com problemas de saúde evitáveis durante períodos mais longos das suas vidas e um número recorde de pessoas não consegue aceder aos cuidados de que necessita. Existem e estão a aumentar profundas desigualdades em matéria de saúde, com as pessoas de zonas mais desfavorecidas “a viverem mais tempo com problemas de saúde e a morrerem mais cedo” do que as que vivem em zonas menos desfavorecidas.

Muitas promessas foram feitas no passado, de melhorar a saúde e reduzir as desigualdades, mas repetidamente não se concretizaram. Como resultado, estão a aumentar as pressões agudas em muitos serviços públicos, empurrando recursos limitados para um ciclo vicioso de tratamento dos problemas em detrimento da sua prevenção com um impacto social e económico gritante, especialmente para as pessoas das zonas mais desfavorecidas.

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