A Espanha tinha uma grande vulnerabilidade nas caixas regionais, muito ligadas ao boom imobiliário e que representavam 50% do setor bancário espanhol. Sem surpresas, o problema foi explicitado com as necessidades de recapitalização do Bankia, resultante do la Caixa de Madrid. O governo espanhol tentou e conseguiu que tal não configurasse um resgate ao Estado espanhol, gerido pela troika e com as condicionalidades macroeconómicas que bem conhecemos em Portugal. A recente Cimeira Europeia veio agora decidir a entrada dos fundos de resgate europeus diretamente no Bankia – cerca de 100 mil milhões de euros. Se bem que possamos não apreciar, face ao nosso acordo com a troika, trata-se de uma decisão inteligente. Com efeito, se o dinheiro fosse emprestado diretamente ao Estado espanhol para depois este injetar no Bankia, isso traduziria um aumento da dívida pública espanhola, podendo levar os mercados a reagir negativamente, o que contaminava imediatamente o setor bancário. Ao fazer-se a recapitalização direta do Bankia, tal não afeta a dívida pública espanhola e poderá constituir um primeiro passo para a criação de uma União Ban cária na zona euro, a qual será importante para a sobrevivência do euro. Salienta-se que toda a gente já percebeu que o estoiro do euro poderia começar por corridas maciças ao levantamento de depósitos em países da zona euro afetados pela crise das dívidas soberanas. Essa União Bancária terá: Mecanismos de resolução de crises bancárias à escala europeia, com fundos europeus destinados a recapitalizar os bancos europeus que oferecem risco sistémico para a zona euro. Foi o que se começou a fazer com o Bankia, em Espanha; Fundos de Garantias de Depósitos à escala europeia e não à escala nacional como acontece hoje; Criação de um Regulador Bancário Europeu, o que, de certa forma, o Conselho Europeu começou a sinalizar ao reforçar as competências da Autoridade Bancária Europeia; Criação dum Supervisor Bancário à escala europeia para fazer a supervisão, que até agora tem sido de base nacional, dos principais bancos europeus. O recente Conselho Europeu atribuiu esse papel ao Banco Central Europeu.