A PROSPEÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E A GALP – Morreu Manuel Ferreira de Oliveira, um homem bom e íntegro, distinto professor catedrático de Engenharia Eletrotécnica e excelente gestor que teve um papel preponderante na Galp. Em 1995, eu e o Luís Filipe Pereira, então secretário de Estado da Energia, convidámo-lo, com o apoio do ministro das Finanças Eduardo Catroga e dos acionistas privados da Petrocontrol, designadamente de Patrick Monteiro de Barros, para gerir a Petrogal. Ele saiu então de Londres, onde estava na Petróleos da Venezuela. Fez um excelente trabalho, estabilizando a situação financeira da empresa e lançando ainda em 1995, com o nosso apoio, o Plano Estratégico que apontava para a presença na pesquisa, exploração e produção de hidrocarbonetos, o que foi depois prosseguido por Bandeira Vieira no curto tempo em que esteve à frente da empresa.
Nessa altura, com Ferreira de Oliveira na Petrogal e Silva Correia na EDP, tivemos à frente destas empresas gestores com domínio técnico e conhecimento do negócio. Silva Correia liderou a recuperação económico-financeira da EDP, que transformámos na joia da coroa, o que possibilitou os brilharetes subsequentes… Ambos eram, tal como eu, engenheiros eletrotécnicos, e na nossa geração este curso dava-nos excelente preparação em química, termodinâmica, hidráulica e redes elétricas, o que nos permitia perceber os negócios do petróleo, do gás natural e da eletricidade.
No Governo de Guterres, o negócio do gás natural, que introduzimos em Portugal, foi integrado na Petrogal, passando esta a chamar-se Galp. Ferreira de Oliveira saiu da Galp em 2000 e foi depois convidado para presidente da Unicer, onde o voltei a reencontrar, pois eu era aí administrador não executivo designado pelo Grupo BPI, onde trabalhava. A Unicer entrou na altura no negócio das águas, comprando a empresa Vidago Melgaço Pedras Salgadas (VMPS).
Entretanto com Mexia na Galp quis-se reduzir a empresa a uma mera distribuidora de combustíveis na Ibéria, fechando as refinarias e vendendo as participações nas explorações petrolíferas. Um grupo formado por mim, por Manuel Ferreira de Oliveira, pelo João Salgueiro e pelo José Penedos conseguiu junto do Presidente Jorge Sampaio e do Governo (Barroso-Carlos Tavares) evitar tal desastre! Se se fechasse a refinaria de Matosinhos, o complexo de anilina no Polo Químico de Estarreja ficaria comprometido.
Em 2006, a convite do meu amigo Américo Amorim, Ferreira de Oliveira regressa em boa hora à Galp, onde dirigiu o plano de investimentos de reconversão das refinarias de Sines e de Matosinhos e consolidou a Galp como grande empresa nacional com presença no upstream (prospeção, exploração e produção de hidrocarbonetos) e no downstream (refinação e distribuição de produtos petrolíferos e distribuição de gás natural).
por Luís Mira Amaral
Engenheiro e Economista