LUÍS MIRA AMARAL

PAG 17_EGR7738AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

Uma Revolução Industrial está ligada a uma evolução tecnológica, mas essa evolução gera disrupções nos modelos de negócios e na maneira como se produz, se consome e se vive, tendo assim profundos impactos na sociedade. Há, pois, três dimensões numa Revolução Industrial: a tecnológica, a empresarial e a societal. A Primeira Revolução Industrial ocorreu no Reino Unido, então a grande potência mundial, e foi precedida por uma Revolução Agrícola com um grande aumento da produtividade nos campos, o que libertou mão de obra para a descolagem industrial da Inglaterra. Começou a maciça migração de pessoas do setor primário para o setor industrial. A tecnologia foi a máquina a vapor, e o carvão foi a base energética que alimentou a máquina a vapor. Na Segunda Revolução Industrial, a eletromecânica substitui a máquina a vapor e o petróleo desalojou o carvão. O automóvel e o avião vieram permitir a urbanização acelerada e um novo modo de vida propiciado pelo desenvolvimento desses meios de transporte. Na costa atlântica, os EUA substituíram o Reino Unido como potência liderante. A Terceira Revolução Industrial – possibilitada pelo avanço da eletrónica, que substitui a eletromecânica e permitiu que os sistemas analógicos fossem ultrapassados pelos sistemas digitais – ainda foi nos EUA, mas na costa asiática, em parceria com o Japão. Já se pressentia aqui a emergência económica da Ásia. As tecnologias da informação começaram a mudar a maneira como se produzia, se trabalhava e se comunicava. O petróleo ainda mantinha a importância, mas já havia a emergência do gás natural. Na Quarta Revolução Industrial, numa economia crescentemente globalizada e num mundo multipolar, aparecem as novas potências emergentes, como a China e a Índia, que vão repartir a liderança tecnológica, económica e industrial com os EUA, a UE, o Japão e a Coreia do Sul. Temos a emergência das novas tecnologias energéticas centradas nas energias eólica e solar, e do ponto de vista tecnológico, é muito mais do que a digitalização, a qual já vinha da Terceira Revolução Industrial. Esta nova Revolução Industrial provoca de novo mudanças na maneira como se produz, se consome e como as empresas interagem com os clientes:

Mudanças do modelo de produção

e da organização empresarial

• Produção personalizada em pequenas séries

• Máquinas a comunicarem e a fornecerem dados de produção

• Desenho e fabrico no mesmo processo

• Cadeias de valor multidimensionais em vez de especialização

• Redes inteligentes conectando equipamentos com equipamentos e equipamentos com pessoas

• Monitorização da produção ao longo de toda a cadeia de valor

• Manutenção preditiva com sensores, passando do controlo estatístico ao controlo em tempo real

Mudança do modelo de marketing

e da relação com o cliente

• Alteração dos canais de distribuição (multicanais e omnicanais)

• Resposta às necessidades dos clientes recorrendo ao Big Data

• Hiperconectividade do cliente através de uma interconexão digital cada vez maior entre as pessoas e as coisas

• Soluções digitais de resposta à personalização com o cliente