LUÍS MIRA AMARAL

PAG 17_EGR7738CONFIANÇA EMPRESARIAL E OS VICE-PRIMEIROS-MINISTROS

A coligação PSD-CDS visava obter a maioria absoluta. Por isso, Passos Coelho, ao contrário do que ele pensa, não ganhou as eleições. Costa, que acusara Seguro de ganhar por poucochinho nas europeias, também as perdeu e recorreu ao PCP e BE para ganhar na secretaria o que tinha perdido no terreno. Sendo assim, os vice-primeiros-ministros estão nas forças políticas e sindicais que suportam o Governo minoritário do PS. São eles: (1) Arménio Carlos, que superintende nos Transportes Públicos e na Função Pública; (2) Mário Nogueira, que manda na Educação e trata da Escola Pública; (3) a atriz Catarina, que, sempre em bicos de pé, declama brilhantemente o guião escrito pelo ideólogo do BE e que coordena o dossier dos temas fraturantes; (4) o estoico Jerónimo de Sousa, que  apoia o Governo para ajudar a Intersindical, sendo assim o PCP o braço político da Inter; (5) Carlos César, que representa o PS neste colégio. Há de facto uma fratura sísmica entre a confiança dos agentes económicos e financeiros, nacionais e estrangeiros, e esta solução política. Ora, numa economia altamente endividada, a confiança teria que ser a prioridade da política económica, criando o ambiente propício ao investimento empresarial. Não é então surpresa que o investimento caia a pique (-3,1%) contra os +4,9%, previstos pelo Governo, e este nem sequer tem margem de manobra para o investimento público porque com as medidas de reversão na função pública privilegiou o consumo público em detrimento do investimento. Também o consumo privado, em que o Governo apostava erradamente para relançar a economia, fraqueja por via da tributação indireta e da falta de confiança dos consumidores (+1,7% contra os +2,4% previstos pelo Governo). O único contributo positivo para o PIB é a procura externa líquida devido à quebra das importações (+1,9% contra os +5,5% previstos), mas isso deve-se à travagem do investimento produtivo. O investimento produtivo nos bens transacionáveis, recorrendo à ajuda do IDE, era, de facto, a variável chave para o relançamento económico. Por isso não há qualquer semelhança entre os cenários económicos do PS, antes de ser Governo, e a realidade…Com uma economia estagnada e as pressões sobre a despesa pública, será um milagre fechar o orçamento de 2016 com um défice abaixo dos 3% do PIB, e já se fala em novos aumentos de impostos indiretos e do IRS para os ricos (a partir dos 80 mil euros brutos por ano!) para 2017.