LUÍS MIRA AMARAL

MIRAO PS, O CONSUMO E A TSU

O PS propõe uma descida da Taxa Social Única (TSU) paga pelos trabalhadores com o objetivo de estimular o consumo doméstico! Tal tem dois graves inconvenientes: (1) agrava os futuros problemas de sustentabilidade da Segurança Social (SS); (2) de acordo com o seu ADN keynesiano de economia fechada, o PS pensa que relança a economia portuguesa pelo crescimento do consumo doméstico, não percebendo que nesta pequena economia aberta os estímulos à procura doméstica se escoam para o exterior, dinamizando a economia e o emprego dos outros! Nesta fase, o relançamento da economia portuguesa tem que ser feito pela procura externa (exportações), e para isso será preciso bom investimento produtivo nacional e estrangeiro, e só no fim, através desse crescimento do PIB tendo como motor a procura externa, é que se expandirá o rendimento disponível dos portugueses e daí, sim, virá o crescimento sustentado do nosso consumo. Ora como o investimento também terá uma componente importada, não haverá margem na balança externa para acomodar simultaneamente uma grande expansão do investimento e do consumo doméstico. Assim, com a proposta do PS, a senhora Merkel lá teria que vir de novo tomar conta da ocorrência… Assim sendo, é altamente perigosa esta ideia do PS… Já basta o que se está a passar neste momento com a redução da poupança e o aumento do consumo, ainda sem estímulos governamentais. Por outro lado, com a nossa estrutura demográfica, não é expectável que o nosso crescimento venha do influxo de mão de obra mas sim do aumento de produtividade. Por isso até faria sentido tentar taxar as empresas para a SS pelo valor acrescentado gerado e não apenas pela massa salarial. O problema é que a proposta do PS de reduzir a TSU das empresas, compensando-a com um aumento do IRC, põe em causa o acordo que o PS tinha feito, e bem, com o Governo! Foi na altura um acordo muito saudado e foi elogiado o sentido de responsabilidade do PS. Na realidade, precisando nós de investimento direto estrangeiro como de pão para a boca, para o qual o IRC é um sinal importante, o PS, ao esquecer o acordo que tinha feito com o Governo, põe em causa esse objetivo!