LUÍS MIRA AMARAL

LMAAS RENDAS EXCESSIVAS DA ENERGIA

O WACC é o custo médio ponderado dos juros do capital alheio e do custo de oportunidade dos capitais próprios (COCP) utilizados num negócio. Como o COCP dá a rendibilidade que o acionista deve ter no negócio atendendo aos riscos que corre, o WACC indica a rendibilidade para o capital total, tendo em conta esses riscos. Henrique Gomes (H.G.) calculou no Governo o WACC para as cogerações, a produção em regime especial beneficiando de preços políticos (como a eólica e a fotovoltaica) e os famosos CMEC da EDP. Analisou depois a rendibilidade efetiva das três situações e concluiu que eram bem superiores aos WACC calculados, donde tinham rendas excessivas face aos riscos que corriam! Como H.G. lembrou recentemente, só foram atacadas as rendas excessivas das cogerações em empresas industriais. O lóbi eólico e os CMEC da EDP foram protegidos. Assim se vê a força dos Donos Disto Tudo na energia: Catroga, Mexia e Pimenta (o magnata das ventoinhas)! Entretanto Moreira da Silva, o marialva do CO2, taxou as refinarias da GALP, as quais produzem produtos transacionáveis. Tal é equivalente a taxar ativos industriais como os da AutoEuropa!! Quanto à taxa sobre o trading do gás natural, nos contratos take or pay, a Galp arriscava-se a ter que pagar o gás sem o poder vender por não ter consumidores em Portugal, conseguindo então vendê-lo no mercado internacional. Terá tido lucros nominais simpáticos nesse trading, mas, como se ensina em Finanças, o verdadeiro lucro económico da operação é o lucro nominal descontado do pricing do risco incorrido se não conseguisse vender o gás! Chamar então rendas excessivas a esses lucros nominais mostra ignorância crassa…Também um relatório do FMI dizia que os combustíveis fósseis eram fortemente subsidiados. Só que esses subsídios beneficiam os consumidores nos países em vias de desenvolvimento, ao passo que, em Portugal, o que há é proteção aos produtores das novas renováveis penalizando os consumidores! Nos combustíveis fósseis, em Portugal, os consumidores não são subsidiados, pagando, pelo contrário, fortes impostos no ISP e no famoso imposto sobre o carbono!