LUÍS MIRA AMARAL

LMAO PETRÓLEO, OS TRANSPORTES E O TGV

Importa reduzir o uso do petróleo nos transportes, deixando-o para aplicações industriais mais nobres. Tal implica, no caso português, a substituição do transporte rodoviário de mercadorias no longo curso (condenado a prazo na Europa por razões energéticas e ambientais) pelos modos ferroviário, com linhas de bitola europeia, e marítimo, com portos e gestão eficaz de contentores; nas cidades, pela passagem do carro a transporte coletivo de qualidade em autocarros elétricos (que a Salvador Caetano produz cá) e pela utilização em modo elétrico de bicicletas, motas e pequenos veículos, designadamente em regime de car-pooling. Seria essa a grande reforma estrutural do setor energético que os governos Sócrates e Coelho não fizeram, preferindo concentrar-se nas “ventoinhas” e no “popó elétrico”. Como disse o CEO da Peugeot-Citroën Carlos Tavares, só com uma nova geração de baterias (que levará uns sete anos a aparecer) é que o carro elétrico terá autonomia para 400 km e poderá ser massificado. Até lá, o modo elétrico será útil só à escala urbana e os veículos híbridos serão a solução inteligente de transição. Também se continua a confundir o TGV (a marca francesa de comboios de passageiros) com as linhas ferroviárias de bitola europeia, importantes para o nosso transporte de mercadorias. A inação do Governo, desperdiçando as verbas europeias afetas ao Corredor Atlântico, vai fazer de nós uma ilha ferroviária em relação à Europa, tornando-nos ainda mais periféricos. Os espanhóis estão ativamente a construir linhas de bitola europeia para se ligarem à Europa, enquanto nós andamos numa luta heroica contra o CO2! O eurodeputado Nuno Melo, que devia conhecer os novos Corredores Ferroviários que a Comissão está a financiar, de modo a passarmos para o transporte público de tração elétrica, reduzindo a dependência do petróleo, também faz essa confusão, associando ainda o TGV ao governo Sócrates, quando foi o governo PSD-CDS de Barroso que assinou tal projeto com os espanhóis em 2003, confirmado depois por outro governo PSD-CDS de Santana Lopes!