O PREÇO DA ELETRICIDADE E O DÉFICE TARIFÁRIO
Mexia diz que os preços em Portugal são mais baixos do que a média europeia. Os nossos preços vêm distorcidos pela existência de défices tarifários, que representam custos não repercutidos nas tarifas porque não houve coragem de os passar para os consumidores, ao contrário da Dinamarca e da Alemanha, que não geraram défices tarifários e por isso têm os preços mais elevados da Europa. Cá, se somássemos aos preços das tarifas os défices tarifários que iremos pagar com juros nos próximos anos…, teríamos uma ideia mais verdadeira dos custos do monstro elétrico gerado! Mas mesmo sem considerar os défices tarifários, os preços em Portugal são dos mais elevados na Europa, devido às desastradas políticas do anterior Governo, que o atual mantém. Moreira da Silva é o continuador dos impagáveis Manuel Pinho e Zorrinho, com o apoio do primeiro-ministro, que diz agora não haver rendas excessivas nos eletroprodutores, mas antes tinha escolhido Henrique Gomes para as eliminar! Para as famílias, somos os segundos nos preços da eletricidade mais elevados da União Europeia, em termos de paridade de poder de compra, conceito adequado para medir o esforço das famílias na compra do cabaz de eletricidade, e os quartos em preços nominais. E isto ainda sem incorporar os custos dos défices tarifários, que vão manter terríveis pressões sobre os preços no futuro. No que toca às empresas, estava Mexia no seu oásis quando o português Carlos Tavares, CEO da Peugeot-Citroën, disse que “os custos da eletricidade em Portugal são 40% mais elevados do que em França”, explicando que tais custos no nosso país são muito elevados e prejudicam a competitividade das empresas…Esperava-se então uma reação de Mexia. Mas em declarações recentes no Expresso este preferiu falar sobre o caso da Auto Europa, explicando que esta era alimentada em Muito Alta Tensão, coisa que pelos vistos o engenheiro Carlos Tavares não saberia… e que a França consegue preços mais baixos porque tem energia nuclear. O CEO da EDP é pois defensor das nucleares, coisa aliás que a EDP tem em Espanha… Acontece que a Auto Europa e a Siderurgia Nacional são casos atípicos, porque Álvaro Santos Pereira, face à ameaça de saírem de Portugal, utilizou, e bem, o conceito de cláusula de interruptibilidade que eu e o Luís Filipe Pereira tínhamos deixado e que permite descontos significativos no preço contra a contrapartida (teórica) de lhes ser cortada a eletricidade em períodos de dificuldades do sistema elétrico. A Espanha tem isto e a Alemanha tem tido um processo em Bruxelas por dar descontos generosos às grandes indústrias consumidoras de eletricidade, imputando os enormes custos das eólicas e solares a todos os outros consumidores, o que significa subsidiação cruzada, proibida pelas regras europeias da concorrência…Em Portugal, este Governo não domou o monstro público, nem o monstro elétrico, em que as vacas sagradas dos preços políticos das eólicas e dos CMEC’s da EDP são intocáveis, ao contrário do que o Governo espanhol está a fazer em Espanha com grande coragem. Por tudo isto, há empresas portuguesas cujos custos de eletricidade são superiores aos custos laborais, mas o atual primeiro-ministro continua a insistir apenas no ajuste do fator trabalho…