Sempre que escrevo sobre energia, o lóbi eólico, a EDP e ajudantes, multiplica-se imediatamente em artigos e entrevistas! Agora vieram dizer que o preço das eólicas era de 70€/Mwh, mas a ERSE diz-nos que era, em 2013, de 102€/Mwh! Também escamoteiam sempre a intermitência do vento que leva a que as novas centrais tenham que ter sempre duas muletas: a bombagem de noite e as térmicas de reserva de dia. Obviamente que tais muletas têm de ser imputadas às eólicas, e por isso temos que somar ao seu preço nominal os 62€/Mwh calculados no IST pelo Prof. Clemente Nunes e chegamos aos 164€/Mwh! As barragens que vão ser construídas não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite! E a CIP veio agora chamar a atenção para os investimentos de 150 milhões de euros, pagos por nós, que têm que ser feitos na Rede de Transporte para a ligação de tais barragens à Rede! Segundo a ERSE, em 2013 Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, mas enquanto em 2006 os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros, em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos! Também recentemente Mexia, para desviar as atenções sobre o alto preço da eletricidade, veio dizer que o mais importante não é o preço mas sim a segurança de abastecimento, problema que não se põe em Portugal, pois temos excesso de capacidade instalada e temos excelentes interligações com Espanha. Portugal é o campeão mundial da potência eólica instalada por unidade do PIB e o terceiro em termos de eólica por habitante! Temos, infelizmente, esquecido em Portugal a biomassa. A biomassa só se mete na central quando é preciso e por isso não tem as externalidades negativas das eólicas. Por isso, o preço de venda à rede (120€/Mwh) é aparentemente superior ao nominal nas eólicas, mas inferior ao seu preço real (164€Mwh). Assim, a eletricidade produzida pela biomassa conta para o défice tarifário com um valor inferior a 1%! Por outro lado, cria postos de trabalho, ao contrário das eólicas, em que não dominamos a tecnologia e criamos poucos empregos. Estas centrais têm externalidades positivas, dando vazão aos resíduos florestais, pagando-os a quem os entrega nas centrais, apoiando assim a limpeza das florestas e contribuindo pois para o combate aos incêndios. Nos fogos florestais, o Governo devia atuar mais na prevenção, com a limpeza das florestas, para a qual o apoio às centrais de biomassa seria muito útil, do que no combate aos fogos, em que em 2013 morreram nove pessoas, arderam 150 mil hectares e se gastaram cerca de 130M€. Temos uma Associação Portuguesa para as Energias Renováveis que só se preocupa com a eólica, mas as energias renováveis não podem ser reduzidas apenas às eólicas, nas quais já temos excesso em Portugal. E na mesma linha, infelizmente apenas temos um ministro do CO2 e das ventoinhas, quando devíamos ter um ministro para o nosso Ambiente e um verdadeiro ministro da Energia…