A VENTANIA E O MONSTRO ELÉTRICO
As centrais eólicas têm um problema que é sistematicamente escamoteado pelo poderoso lóbi eólico: a intermitência do vento. Qualquer pessoa percebe que se o vento só sopra 25% do tempo (e sobretudo de noite), não é possível abastecer o nosso país só com eólicas! E sendo máquinas de capital intensivo que só trabalham 25% do tempo, qualquer empresário sabe que iria à falência se trabalhasse nessas condições…Uma rede elétrica, mesmo sem estas tecnologias intermitentes, tem sempre alguma geração de reserva para suprir a falha de geradores em serviço. Por isso, até 2000 Mw de eólica instalada, o nosso sistema acomodava essa capacidade, através da reserva excedentária existente e da capacidade de armazenagem nas albufeiras. Mas, com a capacidade instalada a chegar aos 4630 Mw, é preciso novas barragens para acumular a energia em excesso produzida durante a noite e centrais térmicas em regime de subutilização durante o dia só para suprirem a falta de vento. Como as térmicas têm de estar sempre pré-aquecidas para entrarem imediatamente em serviço quando não há vento, isso implica gasto de combustível para esse pré-aquecimento sem estarem a produzir eletricidade… E ainda temos o desgaste do material no para-arranca…Na hora de maior consumo do ano, pode ainda não haver vento, e por isso tem de se dimensionar o parque eletroprodutor sem contar com a eólica instalada… Então, quanto mais eólica instalada, mais energia em excesso durante a noite, a necessitar de mais bombagem, e mais térmicas de dia subutilizadas a funcionarem como back-up das eólicas, ou seja brutais custos fixos dessas centrais. Mexia diz, e bem, que nos custos da eletricidade 50% são custos de capital, mas ele e o Carlos Pimenta foram os orientadores do Manuel Pinho na criação deste monstro elétrico…O consumidor paga sempre a energia produzida nas eólicas, vindo a diferença entre a produção e o consumo nos famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG), e também paga sempre os custos fixos das centrais da EDP, mesmo que não produzam, através dos famosos CMEC. Quando há vento e há chuva e as albufeiras ficam cheias, não se podendo armazenar a energia em excesso das eólicas, ela então é exportada para Espanha a preço zero, pois que os espanhóis também não precisam dela! É a tempestade perfeita! O professor Clemente Nunes calculou então no IST os sobrecustos imputados às eólicas devido às perdas na bombagem (7 €/Mwh), aos custos fixos das centrais de bombagem dos períodos em que armazenam à noite a água e a turbinam de dia (21 €/Mwh) e aos custos fixos das centrais térmicas de back-up durante o dia às eólicas (34 €/Mwh). Temos assim que somar à tarifa das eólicas, que segundo a ERSE foi de 102 €/Mwh em 2013, mais 62 €/Mwh de sobrecustos, levando-nos a um preço efetivo da eólica de 164 €/Mwh! Aqui não estão ainda considerados nem as ineficiências no uso das térmicas (no pré-aquecimento dos circuitos e no desgaste do material no para-arranca para suprir a entrada e saída das eólicas devido à intermitência do vento), nem os custos da ligação dos parques eólicos e das novas centrais de bombagem à Rede de Transporte, propondo agora a ERSE investimentos de mais de 450 milhões de euros para isto! Quando é que se começa a domar este monstro elétrico?