LUÍS MIRA AMARAL

AQUECIMENTO GLOBAL, CO2 E EÓLICAS

Parecia haver unanimidade na ligação entre o CO2 e o aquecimento global. Mas houve cem cientistas que, numa exposição à ONU, refutaram essa tese. Depois percebeu-se a manipulação de dados e a pressão sobre os governos dos defensores da tese no chamado episódio “climagate”. Num recente artigo, Christopher Booker dizia que “nos anos recentes, as temperaturas não subiram como era previsto nos modelos do IPCC” e que “os cientistas das mudanças climáticas são no fundo mais um grupo de pressão”. Em Portugal, o professor Delgado Domingos, um dos primeiros a bater-se pelo ambiente, disse que “a relação causal entre emissões de CO2 e aumento da temperatura média global não está cientificamente provada”. Acrescenta que o “CO2 é fundamental para a existência de vida, pois sem CO2 não existiria a fotossíntese que está na base da alimentação de todos os seres vivos”. Por outro lado, quem, como eu, analisou o comportamento dos glaciares no Alaska, percebe que a terra tem tido ciclos longos de aquecimento e arrefecimento…Seja como for, a percentagem de CO2 emitido por Portugal em combustíveis fósseis para a indústria é de 0,19% do CO2 da UE a 27 e esta emite apenas 14% do total mundial! E a produção industrial de CO2 é apenas ¼ a ½ da totalidade mundial de gases causadores de efeitos de estufa. O comissário europeu para a Indústria diz que “não podemos sacrificar a nossa indústria em nome de mudanças climáticas irrealistas”…O CO2 não é pois o grande problema português, nem somos relevantes para o CO2 mundial! Mas Moreira da Silva já veio destinar 3,5 milhões para as alterações climáticas, não se preocupando antes com o problema das florestas e dos incêndios, esse grande flagelo nacional! À boleia do alarmismo do aquecimento global, os nossos espertalhões do lóbi eólico aproveitaram para faturar quando a produção de eletricidade só contribui com 26% da emissão de gases de efeito de estufa! No episódio das rendas excessivas dos eletroprodutores só foram atacadas as cogerações industriais, escapando a EDP e o lóbi eólico. Curiosamente, esse ataque às cogerações foi sugerido pelo líder do PS, o que mostra que, nesta matéria, o Governo procura a convergência com o PS…Agora, Moreira da Silva vem falar duma taxa sobre os produtores de eletricidade. Como previmos, o défice tarifário continua descontrolado… O lóbi eólico foi obviamente poupado pelo amigo Moreira da Silva…Percebeu-se então que também a EDP conseguiu transformar a taxa sobre as rendas, que a apanhava fortemente nos CMEC’s, num imposto global sobre a energia, que afeta outros setores que não beneficiavam das rendas excessivas, diluindo assim a sua contribuição… Brilhante jogada de Eduardo Catroga…Num país em que funcionários públicos e pensionistas são fortemente atacados nos seus rendimentos, em que os trabalhadores do setor privado sofrem na pele descidas de salários e desemprego elevado, é chocante a manutenção dos privilégios da EDP e do lóbi eólico nas rendas excessivas!