Sujeitos a uma política de austeridade – inevitável, mas em que os aumentos de impostos sobre as famílias e a atividade económica têm levado a doses excessivas de destruição económica –, só temos neste momento como motor de crescimento a procura externa – isto é, as exportações – e será vital termos a prazo o investimento produtivo, pois uma economia não se aguenta sem investimento. Importa pensar não só em exportações, mas também na substituição competitiva de importações por produção interna, casos por exemplo de produtos agrícolas e agroindustriais, ou seja, devemos pensar na produção de bens transacionáveis, que sejam competitivos quer nos mercados externos quer no doméstico, aberto à concorrência externa. Será também desejável que as nossas exportações venham no futuro a ultrapassar 50% do PIB, números mais consentâneos com o perfil de pequenas economias exportadoras inseridas com sucesso na economia global e na cadeia de valor das multinacionais que operam à escala global. Em 1995, ano em que deixámos o Governo, pela primeira vez as exportações de máquinas elétricas e não elétricas e material de transporte tinham ultrapassado a dos setores tradicionais. Um sinal de que a política industrial que implementámos estava a alterar o nosso perfil exportador com produtos de maior valor acrescentado e maior conteúdo tecnológico e com a crescente produção de bens de equipamento, em complemento quer de produtos de consumo corrente de maior qualidade, como já estava a acontecer com o calçado, quer de produtos assentes em recursos naturais com maior transformação nacional, como estava a acontecer com as rochas ornamentais e fileira florestal com a passagem da pasta à produção de papel. Importa reforçar essa via e também continuar a diversificação para mercados não comunitários. Quanto às exportações, que têm sido a nota positiva da nossa economia graças ao mérito dos nossos empresários, elas atingiram, de janeiro a setembro de 2012, os seguintes valores em milhões de euros para os principais mercados: Espanha, 7500; Alemanha, 4280; França, 4000, e Angola, 2120. Isso mostra que, apesar do grande sucesso em mercados emergentes como Angola, estes não podem substituir de imediato o peso ainda hegemónico dos mercados comunitários. Neste contexto, a procura externa para a economia portuguesa é naturalmente ensombrada em 2013 pelas fracas perspetivas para a zona euro, longe ainda de ter ultrapassado a sua crise e com a recessão a estender-se da periferia para o Centro, atingindo a França e a Alemanha, com esta sujeita a dois choques simultâneos e negativos para as suas exportações, desaceleração na China/Ásia e contração dos mercados do Sul da Europa. Nos EUA, apesar do acordo que evitou, no último minuto, o abismo orçamental mas que é demasiado frágil e limitado, as perspetivas de crescimento permanecem sombrias. Esperamos que o mérito dos nossos exportadores e o dinamismo dos mercados emergentes possam mitigar as perspetivas sombrias para a nossa procura externa na Europa e EUA.