Após um longo período de cortes na despesa de saúde através de medidas difíceis para todos os players da área, procuramos agora encontrar mais eficiência na prestação dos cuidados de saúde. O processo de procura de eficiência começa por um conhecimento profundo da realidade e com uma atitude que, na minha opinião, não é ainda transversal aos prestadores de cuidados de saúde: admitirmos que há falhas de eficiência na nossa atuação, totais ou parciais, é um bom ponto de partida. Com esta atitude tudo será mais fácil! Todos os processos de eficiência serão bem-sucedidos havendo a consciência de que há sempre desperdícios a eliminar, procedimentos a simplificar, trabalho a reorganizar. Como tal, a eficiência não é um episódio esporádico, mas sim um processo contínuo que se torna relevante – diria mesmo imperativo – na mudança de um sistema. Por outro lado, sendo um processo transversal ao trabalho, implica a participação de diferentes stakeholders e a partilha de saberes e ações que terão forçosamente que ser comunicadas. O Ministério da Saúde tem apostado nas tecnologias de informação e comunicação (TIC), de forma a melhorar a qualidade e a eficiência da prestação, o estreitamento da relação entre os profissionais de saúde e os cidadãos e a padronização da informação disponível, como é o exemplo da receita médica eletrónica e do portal do doente. Estes processos de mudança são complexos, e através de uma abordagem sistémica poderemos chegar a bom porto, num espaço mais alargado de tempo. Mas para além de sistemas de apoio como softwares e hardwares, comunicar requer planeamento estratégico e alinhamento tático. Requer programas de comunicação bem dirigidos, com alvos específicos e mensagens claras de grande utilidade para a comunidade, pois para além da eficiência dos serviços de saúde, a comunicação é também essencial para a sua sustentabilidade. Cruzando a necessidade de melhorar a comunicação em saúde com a necessidade de dar mais empowerment aos doentes, enquanto parte da solução e não apenas como parte do problema, teremos forçosamente que pensar mais “fora da caixa” e admitir que a comunidade em geral precisa de saber mais sobre saúde, com o objetivo de participar no diagnóstico precoce e no tratamento adequado, especialmente das doenças crónicas. Mais informação para uma maior literacia conduzirá a uma participação mais eficaz no controlo e/ou prevenção da doença e a um maior acesso aos cuidados de saúde. Contudo, para que esta comunicação seja perfeita, será necessário envolver todos os elementos que participam nos cuidados de saúde: prestadores, financiadores, reguladores e fornecedores. Num sistema de saúde como o nosso, em que o acionista Estado está muito presente enquanto prestador, financiador e regulador, penso que deveremos ser suficientemente abertos, de forma a confiarmos na participação dos fornecedores na informação a prestar aos doentes. A comunicação feita neste processo deve ser regulamentada, mas não se pode impedir a mesma sob pena de retardarmos o processo do conhecimento. Neste momento de mudança, acredito que é essencial que todos os intervenientes na área da saúde comuniquem com eficácia para que a eficiência surja com mais naturalidade.