NOVAS TENDÊNCIAS NAS MAIORES EMPRESAS AMERICANAS – Na organização denominada Business Roundtable, que reúne os responsáveis de 200 das maiores empresas americanas dos mais diversos setores, como, saúde, software, energias, etc., estas deixaram cair a prioridade que davam desde os anos 1990 à distribuição de lucros pelos acionistas, passando a considerar também como prioritário o investimento nos seus empregados, nas regiões onde estão inseridas e na sociedade em geral, em prol do desenvolvimento global. Poderíamos dizer que de boas intenções está o inferno cheio, mas a credibilidade desta intenção é reforçada pelo pormenor da mensagem divulgada, pois estas empresas estão dispostas a ir ao encontro das expectativas dos seus empregados, podendo até excedê-las, distribuindo melhor os resultados financeiros, investindo mais na sua saúde, formação, área de trabalho, melhorando a representatividade de género e outras medidas de inserção da empresa nas comunidades a que pertencem. Com esta mudança de mindset estas empresas acreditam que podem garantir maior sustentabilidade, bem como aumentar o engagement e a motivação das pessoas e colaborar no desenvolvimento social e económico. Creio que na realidade empresarial nacional, estas medidas e esta forma de estar teriam que ser ajustadas, pois a maior parte das empresas são PME. As grandes empresas americanas podem distribuir pelos trabalhadores algum capital da empresa na forma de títulos, sejam como opções de compra sejam como ações de capital. As PME poderão distribuir incentivos resultantes dos lucros alcançados. A aposta nos colaboradores e nas localidades onde essas PME estão inseridas são fatores positivos para a sua sustentabilidade e para o desenvolvimento económico. Precisamos de empresas mais sustentáveis que contribuirão para um país mais sustentável em áreas como a segurança social e a saúde. A colaboração do setor privado nesta sustentabilidade tem de ser assumida como uma necessidade pelo Estado, que poderia promover e incentivar medidas de gestão mais voltadas para as pessoas, como por exemplo os seguros complementares de saúde ou de pensões, muito reconhecidos pelos trabalhadores que deles beneficiam. O facto de o SNS não ser capaz de continuar a fazer crescer a sua capacidade e atividade cirúrgica, recorrendo cada vez mais à capacidade instalada dos hospitais privados para dar resposta às necessidades nacionais, demonstra a inevitabilidade de haver mais acordos entre setores público e privado, de forma a desenvolver um sistema misto, equilibrado, devidamente regulado e financiado de acordo com os recursos que temos. São necessárias políticas para promover uma maior distribuição dos rendimentos e proteção das empresas que procuram sustentabilidade a longo prazo, por via, por exemplo, de incentivos que premeiam o nível de exportações e os níveis salariais praticados pelas empresas, controlados por análises de benchmarking. Colaboradores mais saudáveis, com mais responsabilidades e mais envolvidos na decisão das empresas, garantem um maior crescimento aos seus negócios, tornam as empresas mais sustentáveis e mais rentáveis no longo prazo e traduzirão um maior crescimento económico.