SOS FINANCIAMENTO DA SAÚDE
Creio que o país terá que tomar importantes decisões na área da Saúde o mais rapidamente possível. A questão é saber até que ponto este Governo se pode comprometer entre os parceiros que acreditam que o Estado é capaz de dar conta do recado sozinho sem pedir mais aos bolsos dos portugueses. Os parceiros políticos do Governo terão razão enquanto o Orçamento do Estado não der a importância relativa que a Saúde merece, muito baixa comparando com os países da OCDE e UE. Pelo menos 2 a 3% mais do total do OE serão necessários para a saúde pública chegar aos 15% no total dos recursos do Estado. Por outro lado, continua a haver razões para acreditar que se pode melhorar a eficiência desses recursos. No meu ponto de vista, esta eficiência não poderá ser ganha com medidas ou táticas do Governo central, das quais é exemplo a constante tentação de baixar preços dos fornecedores a “todo o custo”. A vida ensina-nos que, mais cedo ou mais tarde, o que é barato sai caro. Algumas instituições de saúde têm sido bem-sucedidas com a introdução de culturas organizacionais em que se institui uma procura constante de eficiência. Talvez esta visão de longo prazo seja mais apropriada à saúde. O aumento de 2 ou 3% que todos precisamos na saúde pública (para que os profissionais possam ser melhor remunerados, se reequipe devidamente os hospitais, se faça prevenção real e não haja entraves burocráticos à entrada da tecnologia disruptiva sujeita a avaliação) será uma opção que o Estado terá que tomar desistindo de outros projetos e gastos que, a ver dos portugueses em geral, serão menos importantes (gostaria de confirmar este ponto com um referendo). Se parte deste reforço tem que ser encontrado aumentando ainda mais a parte que os portugueses pagam diretamente dos seus bolsos, que se situa já acima dos 30% dos gastos totais em saúde do país, então é necessário oferecer-se mais condições de livre escolha, aceitar a formação de mais subsistemas, negociar mais parcerias público-privadas (PPP) de forma a manter a opinião dos portugueses positiva quanto à forma de como lhes tratam da saúde.