LUÍS LOPES PEREIRA

Dr. Luís Lopes PereiraDOENTES E MÉDICOS TECNOLOGICAMENTE LIGADOS

Quem trabalha na área da Saúde tem a perceção de que o futuro passa por melhorar a ligação entre o doente e o seu médico através de plataformas tecnológicas. Esta realidade é essencial para se conseguir o tratamento integrado que se traduz em maiores eficácia e eficiência dos sistemas, melhorando consideravelmente a qualidade e baixando o custo dos cuidados de saúde. No entanto, estas plataformas continuam a ser pouco utilizadas, não se sabendo ao certo como se podem incentivar, para simplificarmos os procedimentos e termos a informação integrada da saúde de cada cidadão. Segundo o estudo “Future Health Index”, desenvolvido pela Royal Philips, há uma diferença grande entre a perceção dos profissionais de saúde e da população em geral e a capacidade real de adoção destas tecnologias pelos sistemas de saúde. No entanto, a indústria continua a acreditar na importância de conectar os doentes aos profissionais de saúde, de modo a melhorar os processos de gestão das doenças e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Segundo este estudo, esta conectividade apresenta ganhos mais significativos no diagnóstico, no tratamento domiciliário e na gestão das doenças crónicas, salientando não só a importância de se adaptar os cuidados de saúde dentro dos vários sistemas de saúde, como também a necessidade de colmatar as diferentes perceções que existem relativamente ao desempenho do sistema de saúde. Ou seja, existindo uma diferença grande entre a perceção e a realidade, como a que o estudo prova, torna-se difícil estabelecer um plano claro para o desenvolvimento futuro dos sistemas de saúde. O estudo também revela que a maior barreira para a integração dos sistemas para que a conectividade seja uma realidade, é a própria tecnologia. Os profissionais de saúde pretendem mais evidência dos dados e dos respetivos dispositivos médicos e das plataformas correspondentes para uma maior adoção. Tanto os profissionais como a população em geral acreditam que a tecnologia de cuidados de saúde telemonitorizados traz grandes vantagens aos cuidados continuados, assumindo a maior importância na população mais idosa. A maior parte dos países não está preparada para gerir o crescimento da população acima dos 70 anos, que representará custos inimagináveis se não formos mais proativos. Os dados de saúde disponíveis deverão também ser mais facilmente interpretados não só pelos profissionais de saúde como pelos próprios doentes, para que a comunicação se torne mais fluente e os problemas melhor resolvidos. Ou seja, os médicos não devem apenas aproveitar a tecnologia para melhor se conectarem com os seus doentes, como os devem encorajar a participar mais ativamente no seu tratamento, especialmente nos doentes crónicos. É reconhecido o esforço que Portugal vem fazendo no sentido de melhorar a conectividade entre o doente e o médico, nomeadamente com o Portal da Saúde. Temos que saber medir verdadeiramente o impacto que este portal está a ter e terá no nosso sistema de saúde. Mas depois de sermos campeões europeus em tanta coisa, porque não sermos pioneiros nestes sistemas, tendo em vista as necessidades internas e aproveitando as oportunidades de exportarmos estes serviços para outros sistemas com mais capacidade financeira que o nosso?