LUÍS LOPES PEREIRA

Dr. Luís Lopes PereiraAS GERAÇÕES E A SAÚDE

À medida que a longevidade aumenta, as expectativas dos doentes relativamente aos prestadores de saúde vão-se modificando, sendo necessário que estes adaptem os seus serviços e a sua abordagem às várias gerações que os seus doentes compreendem. Há várias classificações para a diferenciação das gerações, mas as mais comuns vão desde a Greatest Generation, com mais de 65 anos, à geração Z, com menos de 20 anos, passando pelos Baby Boomers e as gerações X e Y. Doentes da Greatest Generation, também simpaticamente conhecidos nos EUA como Silver Surfers, representam acima dos 10% da população, mais de 30% dos internamentos e quase 40% das urgências, segundo estudos efetuados pela Smith and Jones. Esta geração gosta que as visitas aos médicos sejam mais alongadas e espera um serviço de alta qualidade, seguindo estritamente as suas recomendações. Embora não seja tão orientada para a tecnologia como as gerações mais novas, esta geração já usa o smartphone em grande escala e a internet já faz parte das suas vidas diárias. Os Baby Boomers, nascidos entre a década de 1950 e a de 1960, embora não tenham nascido com a internet, abraçaram a tecnologia e foram acompanhando o seu desenvolvimento, procurando estar informados online para abordar melhor os assuntos de saúde com os seus médicos. Sendo grandes utilizadores de redes sociais, procuram informações sobre tratamentos, medicamentos, efeitos secundários, etc. Fazem as suas escolhas seguindo indicadores de qualidade e performance de instituições e profissionais de saúde. Escolhem para eles e para os seus pais da Greatest Generation e aconselham as gerações X e Y. A geração X, nascida entre os anos 60 e 80, é a primeira geração que se pode considerar realmente como consumidora de cuidados de saúde, encarando as suas compras e opções como encara outras escolhas de bens e serviços diversos. Escolhem baseados na marca, procuram ativamente por informações online e são muito influenciados pela TV. As suas expectativas relativamente aos profissionais de saúde são de curto prazo e são muito influenciados pela reputação e pela experiência das instituições de saúde. A geração Y, os nascidos entre os anos 1980 e o ano 2000, corresponde ao grupo de adultos cujas experiências com a saúde se relacionam mais com os cuidados primários e urgências, respondem ainda mais ao advertisement na saúde, bem como em geral aos media. Tendo nascido já digitais, procuram várias fontes na internet, mas são também influenciados pela opinião de terceiros e pelas experiências conhecidas. Valorizam também a relação estabelecida com os profissionais de saúde, mas mudam facilmente se têm uma má experiência. A geração Z poderá alterar todos estes padrões de comportamento e expectativas, pois será muito mais universal e intercontinental do que as gerações anteriores. Mas será preciso esperar mais tempo para tirar conclusões. No fundo, é fácil percecionar que há um crescente acesso a informação sobre prestadores e tecnologias de saúde, que serve de base às opções dos doentes independentemente da sua geração, tornando o processo do Patient Empowerment completamente irreversível. Como tal, toda a saúde, desde a prestação, passando pelo financiamento, até à inovação, se deve centrar cada vez mais no doente.