LUÍS LOPES PEREIRA

LUISUMA NOVA VAGA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA SAÚDE

De 15 a 21 de junho decorreu a MedTech Week, uma semana dedicada à Tecnologia Médica e celebrada em toda a Europa, incluindo Portugal. Durante estes dias, a Associação da Indústria dos Dispositivos Médicos, APORMED, através de ações de sensibilização no Parlamento português e nos media, procurou partilhar uma visão do que a indústria faz e mostrar o entusiasmo à volta desta tecnologia, essencial para a saúde de todos nós. Na apresentação desta semana dedicada aos dispositivos médicos, o presidente da EUCOMED (associação europeia que representa o setor), Rob ten Hoedt, referia que estamos hoje a assistir a uma revolução nesta área, que está a transformar radicalmente todo o processo dos cuidados de saúde, distinguindo-se por isso das vagas de inovação precedentes. No passado recente a MedTech estava mais focada no diagnóstico e no tratamento (próteses para o joelho, pacemakers, etc.), mas hoje procura alargar ainda mais o espetro melhorando a vida dos doentes crónicos, permitindo que sejam mais independentes, úteis e produtivos para a sociedade. As tecnologias da saúde procuram hoje responder ainda mais às necessidades dos profissionais de saúde, sempre em combinação com a criação de um melhor e mais rápido acesso aos cuidados de saúde dos doentes em todo o mundo. Esta transformação está baseada num modelo de desenvolvimento muito próximo do campo operacional dos cuidados de saúde, envolvendo os profissionais de saúde como médicos, técnicos e enfermeiros, alavancado por uma articulação entre as necessidades desses profissionais e novos tratamentos para os doentes. A Medtech cobre agora todos os ciclos da nossa vida, desde a gravidez até ao fim das nossas vidas, desenvolvendo-se em três eixos: diagnóstico precoce (suportado por tecnologia wireless, sensores, implantes e gestão de big data, possibilitando a monitorização contínua do doente), permitindo a intervenção atempada e melhorando a eficácia do tratamento e os gastos em saúde; tecnologias menos invasivas (agora os procedimentos são mais rápidos e menos invasivos para os doentes graças ao facto de engenheiros de nanotecnologia trabalharem diretamente com diferentes áreas médicas e encontrarem soluções mais rápidas e minimamente invasivas); monitorização dos doentes após cirurgia e gestão da doença (sendo a maior parte dos gastos em saúde despendidos em doentes crónicos e na respetiva necessidade de hospitalizações recorrentes, a tecnologia tenta agora melhorar a gestão do doente a partir de sua casa, suportando-o no cumprimento dos tratamentos como a toma de medicamentos e regimes de dieta e monitorizando os seus sinais vitais). Por fim, a tecnologia médica está mais focada nos resultados clínicos das suas soluções, havendo lugar a que os financiadores da saúde possam pagar de acordo com esses resultados em vez de pagar pelo procedimento apenas. Isto significa que a tecnologia procura atingir os seguintes objetivos: melhores cuidados, mais ajustáveis a cada doente; mais acesso, mais doentes tratados; melhor prevenção e menos gastos em saúde; melhor rastreio dos doentes que realmente precisam dos tratamentos; modelos de partilha de risco entre indústria, governo e financiadores da saúde. Contudo, para que possamos viver e experienciar esta “revolução”, é importante ultrapassar muitos obstáculos para introduzir modelos de negócio que permitam a rápida introdução da inovação nos cuidados de saúde.