LUÍS LOPES PEREIRA

45MAIS SAÚDE NO TURISMO

Todos reconhecemos que o turismo é uma atividade económica essencial para a nossa economia e que Portugal, graças à sua localização, clima, gastronomia e capital humano, tem um forte potencial neste setor, responsável por quase 15% das exportações nacionais. Como tal, é natural que se pretenda desenvolver e promover todos os segmentos do turismo, tendo em conta sinergias entre vários setores da nossa economia. Recentemente o tema do turismo de saúde voltou à ordem do dia com a publicação do relatório elaborado por um grupo de trabalho que reúne elementos dos ministérios da Economia e da Saúde. Das duas áreas críticas de intervenção institucional retiradas desse relatório, nomeadamente a necessidade de um enquadramento jurídico do turismo médico em Portugal e a reputação e promoção de Portugal como destino de turismo médico, merece este último aspeto alguns comentários. A reputação do país como destino de turismo de saúde obriga a que tenhamos dados sobre resultados clínicos que garantam aos turistas graus de sucesso idênticos ou melhores aos que se encontram nos países de referência europeus. Provavelmente será conveniente cada unidade clínica medir esses resultados e fazer algum benchmarking, comparando com as médias europeias, para que a reputação seja construída. Esse trabalho estará mais adiantado entre as unidades privadas, mas creio que faltará no país mais metodologia e prática nesta área, sendo importante que essas medições façam parte de procedimentos contínuos e dinâmicos e não de estudos estáticos no tempo. Por outro lado, cada instituição deverá esforçar-se por segmentar o seu mercado, especializando-se nas áreas em que poderá apresentar melhores resultados e atrair assim mais turistas. Um aspeto que também poderá determinar o sucesso deste segmento será a capacidade das instituições hospitalares fazerem parcerias internacionais, de forma a aliar a reputação das instituições como referências para quem nos escolhe como destino de turismo médico. Creio que será determinante que todas as autoridades da saúde do país estejam coniventes e sejam colaborantes nesta estratégia de desenvolvimento do turismo de saúde. Assim será expectável que as autoridades reguladoras intensifiquem a sua ação, de forma a garantir a qualidade dos serviços prestados e a simplificação no processo de entrada e acesso à inovação, não criando tantos obstáculos como têm criado à introdução de novos produtos. Sem esta parceria e sinergia entre as várias entidades, corremos o risco de não sermos competitivos com os países que determinámos como potenciais origens de procura do nosso mercado.