Macau! A olhar para o sucesso do território, quem diria que já foi português. Mas, na realidade, se soubermos olhar para a nossa História e dela retirar as necessárias ilações, vemos que este caso de sucesso se deve ao facto de “esta pequena pérola” ter o cunho lusitano e a obra e o engenho das gentes lusitanas. Em 1999, os chineses perceberam e assimilaram bem esta lição, e Macau lá continua na senda próspera, hoje não portuguesa, mas alma e ainda patria de muitos e bons portugueses. Este exemplo não podia ser mais pródigo nos dias de hoje, nos dias de um Portugal que muitos querem empurrar para um caminho enfermo, de desalento, de comiseração, como se os portugueses existissem por milagre. Escrevo estas palavras depois de ter ouvido a intervenção de Carlos Zorrinho, convidado pelo International Club of Portugal, para um dos seus almoços-debate, e com quem tenho o privilégio de partilhar o espaço de opinião na FRONTLINE. Foi uma lição de História, mas sobretudo uma lição entre aqueles que querem partilhar o sucesso e os que preferem morrer na praia. E não foi um mero exercício académico, mas sim um apontar de direções e soluções objetivas para um caminho de sucesso, como tantos outros, que os portugueses já mostraram ser capazes de conseguir. Como ironizava Carlos Zorrinho no fim da sua intervenção, se olharmos para todos os indicadores, Portugal é um país inviável e aí, pelo menos, já temos nós uma característica intrínseca de sucesso que nos distingue de todos os outros: somos o único povo capaz de tornar viável um país inviável e já o fazemos há 800 anos. Este contexto arrasta-me para o que aqui escrevi no mês passado sob o título “Haja quem faça”, enaltecendo todos aqueles que empreendem, que revelam coragem, que rasgam pela criatividade, pela inovação e não se deixam atolar pelo seguidismo da mediocridade vigente. E citava, a propósito e a título de exemplo, a campanha do Pingo Doce e a determinação mostrada por Alexandre Soares dos Santos (curioso que agora toda a gente faz campanhas a 50%), contrapondo com algo que ainda me deixou mais apreensivo: que este país tem muito mais “forças de bloqueio” do que alguma vez poderíamos imaginar. E este é o perigo real que nos espreita. É termos quem não deixe e não queira deixar fazer. Porque pensa pequenino, porque não tem capacidade para arriscar, porque o perpetuar de regalias (muitas vezes menores) o inibe de falhar. Porquê arriscar quando é mais confortável desculpar? Com a crise, com a conjuntura, com o que seja. É aqui que os portugueses têm, de vez, de fazer uma opção política entre escolher no panorama de forças que existem e alinhar no status quo vigente, ou apostar em pessoas, independentemente da sua filiação, que não só façam como criem as condições para podermos fazer… fazer deste país um caso de sucesso.