Se há algo que ao longo destes três últimos anos me tem causado, não diria surpresa, mas antes alguma apreensão, tem sido a ausência de presença, de palavra e de opinião de muitos pesos pesados da nossa vida pública e política. E entre alguns que poderia citar, lembro-me, em particular, de Pedro Santana Lopes. O que poderá explicar ou motivar este “alheamento” é algo a que só Santana poderá responder, e não levanto aqui nenhum juízo de valor entre o certo ou o errado. Mas este não é o Santana que eu e muitos outros conhecemos. Quando o país definha às mãos de um aprendiz de alfaiate e de um bando de costureiras que ocupam os dias a tecer uma teia que amarrou o país a um abismo social, político e económico; quando um Presidente da República (outrora, relembre-se, arqui-inimigo de Santana) vive mais preocupado com o seu lugar na História do que com o lugar do seu país nessa mesma História e gere com uma incompreensível décalage temporal o destino dos portugueses mais numa lógica político-partidária do que numa lógica presidencial – aliás como já tinha feito o seu antecessor quando, por motivos ainda hoje obscuros e só compreensíveis na lógica da conquista socialista do poder, a todo o custo derrubou Santana Lopes de primeiro-ministro; quando assistimos à “prostituição ideológica” de um partido como o PPD/ PSD, um dos pilares da construção de um Portugal democrático em prol de um liberalismo desenfreado e submisso a interesses que violam de forma abrupta os nossos valores de Povo, Pátria e Nação; quando tudo isto acontece, onde estão as vozes críticas, as vozes capazes de combaterem e fazerem parar esta voragem assente numa partidocracia, muitas vezes suportada por interesses pouco transparentes, como a recente “queda“ do Ricardo Salgado veio pôr a nu? Onde está Santana Lopes? Político sempre conhecido pelo seu inconformismo e inegável capacidade de dar a cara à luta. Onde estão outros nomes como ele? Pedro Santana Lopes terá certamente as suas razões e em nada esmorece o excelente trabalho que tem feito à frente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Razões legítimas e até talvez ponderadas para outras condutas de ação, que no seu jugo entenda mais apropriadas para o momento de crise que o país atravessa. Crise que hoje, mais do que políticas, precisa, sim, de políticos que sejam capazes de dar um murro na mesa e dizer basta! Como já o fizeram no passado.