Isabel Jonet, a mesma que deixou bem claro em afirmações recentes que temos de aprender a ser pobres, foi agora convidada para discursar na cerimónia de homenagem aos combatentes, no próximo dia 10 de junho. Na altura das afirmações polémicas, a presidente do Banco Alimentar tentou emendar a mão e depois veio mesmo a afirmar que o sucesso de mais uma campanha de angariação de alimentos provava que ninguém ligara às suas palavras: engano total. Os portugueses podem ter de tudo um pouco, mas de estúpidos não têm nada e nunca prejudicariam quem mais precisa pelo desnorte de atitudes de uma pessoa que eventualmente possa estar envolvida nessa ajuda. Por tudo isto, esta presença no 10 de Junho soa mal e soa a mais uma tentativa de branqueamento de alguém que já devia ter saído de cena por mote próprio. Por outro lado, mas na mesma linha, Cavaco Silva, o mesmo que é Presidente da República, entendeu o parecer favorável da 7.ª avaliação da troika como “uma inspiração da Nossa Senhora de Fátima, do 13 de maio”. De repente veio-me à imagem o cardeal Cerejeira, mas nem esse ousou alguma vez ir tão longe. Claro que, o mesmo Cavaco, mas desta vez já Aníbal da Silva, sentiu necessidade de branquear esta sua alusão interpretativa político- -divina, invocando um comentário íntimo feito pela sua mulher para justificar tal afirmação pública. Certamente que também estará presente no dia 10 de junho. Paulo Portas, um dos poucos ou até talvez mesmo o único político que ainda gozava de alguma capital político e de simpatia na atual coligação governativa, resolveu cometer, ou talvez não, um ato suicida e deu o dito por não dito sobre a intenção de o Governo aumentar a já sobrecarga de impostos sobre reformados e pensionistas. De tal modo que durante semanas multiplicaram-se as intervenções públicas das mais variadas figuras centristas a explicarem (branquearem) o sentido das palavras e dos atos do seu líder. Mais uma vez tudo não passando de uma má interpretação. Nas comemorações do 10 de Junho, enquanto ministro, certamente lá marcará presença. Apenas três singelos exemplos dos sinais dos tempos atuais. Que triste vai ser este 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, pejado de indesejáveis e vazio de portugueses. Até as palavras de Luiz Vaz têm hoje um sabor amargo: As armas e os barões assinalados/ Que da ocidental praia Lusitana/ Por mares nunca de antes navegados,/ Passaram ainda além da Taprobana,/ Em perigos e guerras esforçados,/ Mais do que prometia a força humana,/ E entre gente remota edificaram/ Novo Reino, que tanto sublimaram, quando o que nos move já não é o sonho mas sim a necessidade de fugir de uma pátria outrora nossa.