A GLÓRIA À UCRÂNIA – A invasão militar da Ucrânia constitui o maior terramoto histórico na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. É a provação mais pungente à segurança e estabilidade europeias, a maior tentativa de destruição dos valores que regem as sociedades contemporâneas.
Ainvasão da Ucrânia é também um abalo às nossas consciências, na medida em que nenhum homem e nenhuma mulher podem ficar indiferentes à crueldade e à devastação que nos chega de Kiev, Kharkov, Dnipro, Donetsk, Mykolaiv, Mariupol e tantas outras cidades da Ucrânia. No dia em que as Forças Armadas da Federação Russa começaram a atacar sob múltiplas frentes a Ucrânia, o nosso coração também foi atingido! A agressão e os bombardeamentos bárbaros voltaram à Europa para satisfazerem a ambição de um homem isolado, que semeia o medo à sua volta e é a personificação do Mal. Milhares de pessoas já morreram e milhões deixaram de sonhar, perderam tudo, fogem do fogo e do sofrimento. É a maior calamidade humana na Europa desde o pós-guerra.
CENÁRIOS DE GUERRA
Jovens mães que amparam os estilhaços de projéteis quando deviam estar a dar o beijo de boas-vindas ao seu filho que acabou de nascer. Crianças que deveriam estar na escola e cambaleiam quilómetros para fugirem às explosões. Adultos e anciãos que têm de atravessar um rio, numa nesga de ponte improvisada, e já não querem saber do futuro, querem apenas saltar por cima de um intervalo de tempo, o inferno que lhes caiu em cima.
Aldeias, ruas, cidades inteiras estão a ser arrasadas, milhares de ucranianos que se veem obrigados a esconder em estações de metropolitano, caves de prédios e bunkers improvisados. A dor da Ucrânia é nossa dor também! A dor das mães da Ucrânia, e diga-se, das mães da Rússia, é comungada por nós. Para que não restem dúvidas, o Presidente da Federação Russa e o seu cúmplice da Bielorrússia são os responsáveis pelo regresso da barbárie à Europa. Uma guerra disfarçada de “operação militar especial”, movida por uma narrativa falsa, difamatória e cruel. É uma agressão hedionda e condenável em todos os planos: político, diplomático e civilizacional! A invasão de um Estado soberano e independente, que procurava cimentar a sua democracia e que vem atentar contra todos os princípios que norteiam a convivência pacífica entre os estados e as nações. Uma violação grosseira do Direito Internacional, da Carta das Nações Unidas, da Constituição ucraniana e da própria Constituição russa.
APLICAÇÃO DE SANÇÕES
Perante o avanço da máquina de guerra russa, a Europa, o Reino Unido, os EUA, o Canadá, o Japão e a Austrália e todo o mundo livre deram uma resposta concertada. A Comissão Europeia avançou com um pacote triplo de sanções económicas, financeiras, bancárias, comerciais, industriais, tecnológicas, científicas e desportivas. São medidas historicamente inéditas, pelo alvo e dimensão, mas necessárias.Sabemos, no entanto, que os antibióticos podem produzir efeitos secundários graves. Todos tínhamos consciência de que as sanções teriam consequências indesejadas ou efeito de ricochete. Mas em tempos de guerra tomam-se medidas extremas. Sim, estamos em tempos de guerra! A Europa e o Ocidente não podiam limitar-se a assistir à guerra pelas redes sociais ou pela televisão. Contudo, as sanções podem ser insuficientes, tendo de ser agravadas como forma de travar a crueldade do invasor e o estado desfavorável das negociações diplomáticas. Os três pacotes de sanções, individuais e económicas, anunciados nos dias 21, 25 e 27 de fevereiro, embora estejam a surtir efeitos, podem revelar-se insuficientes para trazer a Rússia à razão e para parar a guerra.
DIA APÓS DIA
A guerra pode ser prolongada e dia após dia ainda mais terrível, e o pior sinal disso é quando as notícias do conflito se banalizarem! Pode não bastar congelar os bens da oligarquia política e financeira russa! Pode não chegar impedir um conjunto de bancos russos de terem acesso ao sistema de pagamentos internacional Swift! Pode ser ainda pouco o encerramento do espaço aéreo à aviação com origem na Rússia. Pode ser escassa a mobilização das opiniões públicas que levaram três centenas de empresas a interromper as suas operações na Rússia. Podem não bastar as iniciativas para combater a desinformação, através da proibição da emissão dos órgãos de comunicação estatais. Podem ser necessárias robustas diligências diplomáticas de condenação e de isolamento internacionais da Rússia. Em todo o caso, é de louvar o apoio no valor de 450 milhões de euros para o fornecimento de material letal para fins defensivos e o pacote de apoio no valor de 50 milhões de euros para o fornecimento de material não letal.
SOFRIMENTO DE UM POVO
O sofrimento do povo ucraniano incomoda-nos, como de resto não queremos a miséria do povo russo, que já está a ser vítima da estratégia imperialista suicida de um homem só! Não foi o Ocidente que isolou a Federação Russa, foi o Kremlin que escolheu virar as costas ao mundo, à paz e à comunidade internacional. Saúdo todos os estados e povos europeus que estão a ser generosos no acolhimento dos refugiados. Presto a minha homenagem ao povo ucraniano, ao Presidente Volodymyr Zelensky, ao povo russo e a todos aqueles que estão a bater-se não apenas por ideais, mas sobretudo pelo nosso futuro! Glória à Ucrânia!