A FESTANÇA SOCIALISTA – O despesismo, a megalomania, o desbaratar de dinheiros públicos são a marca genética dos governos socialistas. Está na sua natureza brincar com o dinheiro dos contribuintes. Maria de Lurdes Rodrigues, atual reitora do ISCTE-IUL, teve em 2012 um daqueles momentos em que as palavras lhe fugiram para a verdade, ou então revelavam na sua crueza uma total dessintonia com a realidade. Todos nos recordamos da frase que ficaria para a história da vida parlamentar como a síntese do regabofe dos governos de José Sócrates: “O programa da Parque Escolar foi uma festa.” A ex-ministra da Educação era incapaz de reconhecer qualquer derrapagem nos custos da Parque Escolar, apesar de a IGF – Inspeção-geral de Finanças e o Tribunal de Contas terem detetado resvalos nas contas de um programa que pretendia modernizar a rede de escolas públicas. Só Maria de Lurdes Rodrigues não vislumbrava os disparates financeiros na requalificação de estabelecimentos de ensino, uns que compravam candeeiros de autor, outros que instalavam sistemas de aquecimento que teriam mais tarde de ser desligados porque as escolas não tinham como pagar as exorbitantes contas de eletricidade. Ao abrigo do programa, as obras tiveram um custo médio por escola de 12,1 milhões de euros, entre 2007 e 2011, sendo que o valor orçamentado era de 2,82 milhões de euros, ou seja, o Estado pagava quatro vezes mais do que o valor inicialmente previsto. Curiosamente, ainda hoje, temos escolas que estão a cair de podres, outras onde chove a cântaros, para não falarmos da contaminação por amianto, ainda por resolver numa parte considerável dos estabelecimentos de ensino.
Presidência portuguesa do Conselho da UE – Em janeiro de 2020, interpelei o ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre a dotação inscrita em sede de Orçamento do Estado para 2020 de 23 milhões de euros para preparar a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. Na altura, referi a Augusto Santos Silva o meu espanto, sobretudo quando temos hospitais com mamógrafos avariados, como no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, ou cidadãos que esperam um ano pelo subsídio de funeral de um ente querido. O Governo é, sem dúvida, muito mais eficaz na opção pelo ajuste direto, mais célere na definição das regras, mas opta, genericamente, pelo procedimento menos concorrencial. Considerava altamente duvidoso que o quinto orçamento de António Costa, e o último de Mário Centeno, afastasse a dispensa de concursos públicos até ao montante de 5,185 milhões de euros, tal como na aquisição de bens e serviços até ao valor de 134 mil euros. Nessa semana, um diário anunciava a compra pela Força Aérea de 200 relógios de edição exclusiva a uma joalharia conceituada, num ajuste direto que custou 54 mil euros.
Pois bem, segundo a publicação “Politico”, o Governo português já desbaratou 8 milhões de euros na organização da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, dos quais 260.600 euros foram para criação de um centro de imprensa, que funciona no Centro Cultural de Belém, 35.785 euros em vinho e 39.780 euros em 360 camisas e 180 fatos para motoristas. O “Politico” fala mesmo em presidência fantasma de Portugal. Porém, mais não estamos do que perante uma visão assombrosa, porque estas despesas são de outro mundo e vão sobrar para os contribuintes de sempre, ou seja, todos nós.
O desbaratar de dinheiros públicos – É altura de o Governo dar explicações ao país, sendo certo que, por mais malabarismo de palavras e truques retóricos, não irá convencer os portugueses de que o Partido Socialista tem juízo. O despesismo, a megalomania, o desbaratar de dinheiros públicos são a marca genética dos governos socialistas. Está na sua natureza brincar com o dinheiro dos contribuintes, aliás como aconteceu com a compra de golas contra incêndios distribuídas pela Proteção Civil, em 2017, com a fantasia do TGV, com o aeroporto de Beja ou com as sucessivas requalificações da Linha do Norte. Estamos perante um prenúncio do que poderemos esperar da “bazuca” europeia, verbas do fundo europeu de Recuperação e Resiliência, que acabará em festiva para os socialistas que vão encher os bolsos dos amigos e dos viciados em esquemas, negócios fraudulentos e golpadas na utilização de fundos europeus. Além da crise sanitária, da económico-social, Portugal já vive uma terceira crise, a moral, envolta de episódios que envergonham todos os portugueses honestos e de princípios.
Criar um filho e vê-lo crescer até à adolescência não é muito diferente, em termos de empenho e de resiliência, do que criar uma revista e de a aprimorar em termos de qualidade formal e de conteúdos.Podemos dizer que os nossos amigos Ana Laia e Nuno Carneiro devem estar muito orgulhosos com o produto final da sua prestigiada marca FRONTLINE, que se encontra entre as publicações mais seletivas e prestigiadas de Portugal, sobre-tudo porque em tempos de adversidade, como os que nos varrem atualmente, continuam porfiando sempre com um sorriso nos lábios. Expresso, assim, os meus sinceros parabéns à FRONTLINE e aos seus autores, esperando continuar a acompanhá-los nesta aventura que nos conduz, recorrentemente, a temas e assuntos profundos e inesperados.
Bom aniversário!