NOVOS TEMPOS
No ano de 2025 não cabia a realização de eleições legislativas, que se anteciparam ao fim de um ano de governação e curiosamente não causando grande espanto aos eleitores.
Durante este último ano assistimos a um governo que governou pacificando largos setores da população do país, demonstrando boa capacidade negocial e decisória e assim diminuindo substancialmente a conflitualidade existente e garantindo o cumprimento de obrigações do Estado, como a segurança, a educação e os serviços prisionais. Conseguiuainda criar nos cidadãos a confiança necessária para acreditarem na execução dos fundos europeus e PRR, também para, de uma vez por todas, terem recebido sinais importantes de que a educação teria de ser reformada e isso seria uma prioridade, que a emigração deveria obedecer a um conjunto de regras de acolhimento de forma a obter a sua regulação e dessa forma obter efetivo controle sobre estes movimentos de milhares de pessoas, proporcionando-lhes um tratamento humano e de respeito.
Num ano não seria exigível muito mais, depois de oito anos governados por um primeiro-ministro do PS, de perfil autoritário e sem qualquer capacidade de concretização. Entre outros setores, na Saúde não ocorreram avanços, mantendo-se os problemas que vinham há muito detrás e causadores de grande aflição entre os utentes do SNS. António Costa, o primeiro-ministro dos oito anos perdidos, contentava-se com o facto de ter sido o seu partido a apresentar o decreto de criação do Serviço Nacional de Saúde, nada mais importando, e o resultado é um conjunto de problemas que pode pôr em causa a prestação de serviços de saúde à população. É urgente a reanimação do SNS, bem como a recriação do seu vigor, pois grande parte dos portugueses não têm condições de acesso à prestação de cuidados de saúde privados.
Condições para eleições
E assim foi a governação durante a vigência do Governo agora em gestão, que não hesitou quando percebeu que podia criar as condições necessárias para eleições antecipadas, a fim de reforçar a sua maioria e ficar dotado de melhorescondições para as reformas que o país precisa como de pão para a boca.
Para estas eleições contribuiu igualmente toda a esquerda, que de uma forma ininteligível achou ter condições para vir a ter um melhor resultado eleitoral com eleições antecipadas. Não perceberam que a criação da chamada geringonçadesequilibrou o sistema partidário, fazendo com que os pequenos partidos ficassem à beira da extinção e nada dando ao PS, e que este, por nada ter feito à exceção de jogos de política, não tivesse obtido o reconhecimento dos portugueses. António Costa conseguiu de facto a única coisa que queria: ser primeiro-ministro e agora “alto” dirigente da burocracia europeia.
A União Europeia precisa de reformadores, não de reformados. E assim estamos, em eleições e sem que ninguém construa pontes que tão necessárias são e serão. E a fazer comícios, arruadas, colar cartazes, almoços, jantares, milhares de quilómetros a alta velocidade, como se a situação europeia e mundial hoje fosse igual à de 10 e 20 anos.Como se não tivesse ocorrido nada. Como se não tivesse mudado tudo. E como se isso não fosse da maior importância ser discutido e debatido. Como exemplo, nem uma palavra sobre Defesa, necessidade do seu reforço, custos e consequências para as contas públicas, num momento em que a Europa necessita desse reforço na sequência do afastamento dos Estados Unidos da América da NATO. A guerra comercial que o Presidente americano começou e que pode pôr em causa a liberdade do comércio, fazendo aumentar os preços dos bens, senão mesmo a sua falta. E a guerra comercial – nem uma palavra que suscite a respetiva discussão.
E no plano interno, a Justiça e a sua morosidade, quando a única coisa que se disse foi que PSD e PS podem estar de acordo num consenso para alterações. O que de nada vale, pois essa disponibilidade mútua tem décadas e nunca aconteceu nada. Hoje sabemos que o caso BPN foi arquivado na sua totalidade ao fim de intermináveis 17 anos e,como não podia deixar de ser, por prescrição. Uma vergonha!
Mudança mundial
O mundo mudou nos últimos anos e mudou de forma radical. Temos guerras, uma no Médio Oriente que decorre de forma brutal entre povos que se odeiam, ou talvez mais entre líderes desses povos que não olham a meios para obterem o que querem. A ajuda internacional diminui porque os Estados Unidos da América afastam-se da ONU e das suas agências de apoio. Temos guerra na Europa, onde um país – a Rússia – ocupou sem qualquer legitimidade outro país – a Ucrânia. Destruição, morte e cobarde ameaça nuclear, o que acontece também porque os EUA se aproximaram da Rússia, afastando-se da Europa, mudando radicalmente toda a sua natural e normal política externa.
A guerra é o pior e menos controlável dos males. Não podemos continuar a fazer tudo como fazíamos antes de o mal ter regressado. O mundo democrático tem de mudar, aumentando o seu poder bélico, mas usando-o de forma diferente, como dissuasor essencialmente. E é preciso acreditar que as guerras acabarão e voltaremos a viver nem mundo ondeos bons valores regressarão e serão predominantes. É fundamental ACREDITAR!