OS MAIS SEGUROS DO MUNDO
O tema da segurança não pode deixar de ser objeto de algumas notas, apesar do muito que já se disse a seu respeito, uma vez que é a segurança uma das primeiras exigências feitas por qualquer comunidade que pretende viver em sossego através do trabalho sério e do crescimento saudável dos seus filhos.
A primeira nota diz respeito aos detentores da segurança, no sentido de a ver repartida por senhores poderosos, não na defesa da comunidade mas sim no florescimento dos seus interesses, ou de se criar um mecanismo que evite essa dispersão, gerando uma segurança justa, porque igual para todos os membros de um país, de uma cidade ou vila, de um núcleo populacional ou de pessoas ou grupo de pessoas que se desloquem pelo mundo seja a que pretexto for.
A decisão tomada, após fixadas as fronteiras, foi a de dar ao Estado o monopólio da segurança, e só em circunstâncias excecionais, envolvendo poucos cidadãos e pouco tempo, largar mão desse monopólio. Esta solução, que felizmente se mantém, foi a principal razão do desenvolvimento e prosperidade das sociedades nos últimos séculos. Ao Estado, e só ao Estado, cabe garantir a segurança das pessoas e seus bens. E desta forma o cidadão sente-se protegido, porque sabe viver numa comunidade com uma segurança justa.
Aqui chegados, cabe referir que tendo sido a forma de organização acertada no que respeita à segurança, ela não é isenta de dificuldades, objeto de manipulações ou de tentativas de aproximação a pensamentos e modelos que desvirtuam a sua natureza.
Vejamos, por isso, o que se passa no mundo ocidental nas últimas décadas, quando a segurança era um tema pouco falado, porque tinha a confiança dos cidadãos, e se transformou num tema quase diário de discussão, através dos partidos políticos, dos media e em consequência do cidadão que foi sendo obrigado a confiar como confiava.
Aumento da criminalidade
As causas do alarmismo quanto a segurança prendem-se, no essencial, com o aumento da criminalidade, que também se organizou em muitas vertentes de forma sofisticada e a problemas ligados à falta de meios por parte das forças e serviços de segurança, que chegaram ao ponto de uma diminuição muito significativa de candidatos a polícia e, ligado a isto, ter levado os agentes de segurança à rua com frequência, muitas das vezes por greves e protestos. Neste clima, a extrema-direita organizada em partido político constatou que esta era e é uma área pronta a ser exacerbada, cujos protestos seriam quase imediatamente aceites pela população. Ou seja, os partidos tradicionais não tiveram a visão adequada para a segurança, deixando degradar as condições de trabalho dos seus operacionais, aumentando a criminalidade e a insegurança, e abrindo a porta a forças políticas extremistas que manipulam e exploram exclusivamente para satisfação dos seus objetivos políticos.
Os vários partidos políticos
Neste momento e assistindo aos debates sobre segurança, o mais curioso é verificar o que pretendem os vários partidos políticos.
O Chega, em primeiro lugar por ser o mais perigoso na manipulação dos polícias, o que quer é dramatização e obtenção de ganhos políticos que não têm nada a ver com a segurança e os seus agentes.
O PSD, estranhamente, uma vez que agora é poder e tem a oportunidade de definir e aplicar uma política nova e eficaz de segurança, usa o tema para tentar encostar o PS aos radicais de esquerda, perdendo uma oportunidade de ouro e sem que se perceba que vantagens lhe traz esta opção.
O PS, à semelhança do que faz em todas as áreas da governação, limita-se a defender a situação tal como ela está.
Os partidos de extrema-esquerda continuam a não gostar das polícias e a considerá-las sempre os responsáveis pelos males que vão acontecendo.
O que pode acontecer
Terminando, a pior coisa que pode acontecer é a politização das forças e serviços de segurança, bem como a falta de empenho na construção de um modelo de polícia moderno, dotado de meios adequados e operacionais motivados. Sem isto, a situação vai acabar mal e o pior cego é aquele que não quer ver!
De realçar, ainda, que a criminalidade tem aumentado. Como foi noticiado recentemente, Portugal teve 112 homicídios em 2024, o número mais alto da última década. Temos também aumentos significativos na criminalidade grupal e em especial nos jovens, o que não augura nada de bom para o futuro. E tudo isto a ocorrer debaixo dos nossos olhos, enquanto os responsáveis políticos se iam distraindo e distraindo-nos a nós todos com a famosa frase de que “Portugal é o país mais seguro do mundo”.