O MUNDO HOJE
Nacional e internacionalmente vivemos tempos tumultuosos, com guerras que ocorrem no continente europeu e que envolvem uma potência mundial, como também no continente asiático/Golfo Pérsico, lugar onde dois povos se digladiam há décadas e agora sofrem um dos seus piores momentos.
O conflito europeu ocorre entre dois países que nasceram gémeos em laços geográficos, históricos e culturais. Remonta ao século IX a existência de um povo que se autodenominava “Rus” – Rus de Kiev – que deu origem à Ucrânia e à Rússia, cuja capital, Moscou, surgiu no século XII. A fé professada e comum a ambos era a cristã ortodoxa, instituída em 988, por Vladimir I de Kiev. As línguas faladas neste espaço comum vieram a dar origem às línguas ucranianas, bielorussa e russa.
Para não cairmos no logro em que Vladimir Putin nos quer fazer cair quando diz que “russos e ucranianos são um povo, um único todo”, é fundamental que, pelo menos nos últimos nove séculos, a trajetória dos ucranianos tomou caminhos muito diferentes da dos russos, tendo estado sob o domínio de povos diferentes. A divisão começou pela conquista da federação de principados de Rus pelo Império Mongol, a que se seguiram no final do século XIV o domínio da Polónia, bem como a dinastia dos Habsburgo.
Diferente é a história da Crimeia, particularmente interessante no século XX com a dominação soviética. Claro que ficaram os contrastes entre os dois países em referência, em 1991 um tratado entre a Rússia e a Ucrânia estabeleceu a integridade das fronteiras ucranianas. Conclusão hoje pacífica entre historiadores é a da existência de facto e de direito de dois países distintos do ponto de vista histórico e cultural e não um “único todo”.
Razões exclusivamente políticas levaram a esta guerra, movida exclusivamente pela ambição descontrolada do ditador russo Vladimir Putin, que não soube afirmar o seu país no regime pós-soviético.
Esta guerra ocorre à nossa porta, à porta da Europa, o que obriga a tomar partido pela integridade territorial e pelo estado de direito que vigora na Ucrânia, sob pena de, não o fazendo, a Rússia, sob o comano de Putin, tentar alargar a sua ambição no sentido da reconstituição da União Soviética.
Conflito no Golfo Pérsico
No Golfo Pérsico somos confrontados com a guerra entre Israel e a Palestina que começou com um ataque terrorista do Hamas a Israel a 7 de outubro, quebrando fronteiras que Israel e o mundo tinham como inexpugnáveis e que originou como resposta uma guerra já com milhares de mortos.
Mais recente, embora já com antecedentes, temos o conflito dos Houthis, apoiados pelo Irão, que impedem o normal trânsito marítimo no mar Vermelho e que já levaram ao envolvimento dos Estados Unidos da América e do Reino Unido em bombardeamentos no Iémen.
É desta forma que começamos o novo ano e começamos mal. Com guerras em vários continentes e sem descortinarmos quando poderão acabar ou como evoluirão. As lideranças políticas dos países mais influentes estão a deixar de ser confiáveis, o que torna tudo ainda mais difícil. Contudo, devemos acreditar que o bem sempre triunfa e, por isso, aqui fica o desejo de um bom Ano Novo.