FERNANDO NEGRÃO

INSISTIR PELA BOA ESCOLA – A grande maioria de nós frequentou a escola durante anos, levando a cabo a primeira grande mudança das nossas vidas, que foi a passagem do lugar acolhedor e “fechado” da casa para o lugar desconhecido e novo que é a escola.

Alguns frequentaram o ensino básico, outros completaram o ensino secundário e outros ainda entraram nas universidades, fazendo cada um o seu percurso de aprendizagem e troca de conhecimentos, através de atividades, experiências e interpretações, ampliando conhecimentos de forma critica e participada.

Nesse percurso existiu sempre uma figura central que nos orientava, disciplinava e transmitia conhecimentos e que era o Professor. Juntamente com a família, onde aprendemos o básico para a vida, como valores, respeito, responsabilidade, educação e incentivo, o Professor, além de transmitir e debater a matéria curricular, identificava as nossas competências, talentos e capacidade criativa, com o intuito de incentivar que essas matérias fossem colocadas em prática da forma mais adequada, para depois as desenvolver.

Feito o percurso escolar e entrando na vida profissional, deixamos a escola para trás, só́ dela nos lembrando, quando nós ou alguns dos nossos colegas e amigos desse tempo organizam encontros de ex-alunos. Muitos não vão pelas mais diversas razões e os que vão fazem-no com alegria, emoção e saudade, recordando todos os colegas, todos os episódios e todos os professores, com grande sentido crítico.

Terminado o encontro, acontece o regresso ao dia a dia e de novo a escola fica esquecida.
Quase sem ser pela passagem do tempo a escola renasce com os filhos. Regressamos agora à escola sem a frequentar, limitando a nossa presença às reuniões de pais e professores e acompanhando os filhos na sua vida escolar. De novo na escola, embora mais distantes. E vamos assistindo e participando no percurso escolar dos filhos, sempre tendo como referência os professores, pois temo-los como aqueles que estão mais próximos deles, que melhor nos informam e aconselham.

CONDIÇÕES, MEIOS E MOTIVAÇÃO

Sempre o Professor, aquele que nos ensinou, o que ensina os nossos filhos, o que ensina os nossos netos e por aí adiante. Contudo, e olhando com olhos de ver para a forma como vemos a educação no nosso país, as escolas e professores, existe algum alheamento sobre as condições em que funcionam, os meios que necessitam e a motivação de quem ensina.

Em quase 50 anos de democracia assistimos a quase tudo, desde escolas a ruir, outras com amianto na sua construção que ainda hoje subsistem, falta de estruturas desportivas para os alunos, funcionários insuficientes, má gestão entre as estruturas públicas e privadas, pouco cuidado e muita ideologia na introdução de novos ensinamentos e uma falta de cuidado inaceitável relativamente à credibilidade, prestígio, condições de trabalho do professor, que deteriorou o ambiente nas escolas, tirando qualidade ao ensino, bem como à relação entre os alunos e os seus professores.

No plano público, são grandes as responsabilidades dos responsáveis políticos que não souberam ler o que se estava a passar e, não o tendo feito, permitiram terem a escola que merecem e que não é boa, com a grande maioria dos professores na rua a pedirem o “respeito” que merecem.

REABILITAÇÃO URGENTE

É urgente reabilitar a Escola, os seus professores, porque é nela e com eles que os nossos filhos e todas as crianças do mundo se formam para a vida.

É urgente reabilitar a Escola, dando-lhe a credibilidade devida, de modo a criar mais confiança nos professores e nos alunos. Maior autoestima em todos os intervenientes no processo educativo, para enfrentarem com mais otimismo todas as provas que fazem com que as nossas crianças e jovens fiquem preparados para enfrentar um mundo cada vez mais competitivo e exigente.

E ainda uma palavra ao poder político, dizendo que não basta afirmar em voz alta que a educação é uma prioridade, é preciso também dar ao sistema educativo as condições para o ser de facto. O ministro da Educação não pode acabar com as avaliações, exames ou qualquer prova para aferir os conhecimentos dos alunos, deve sim ser exigente criando as condições para o poder ser.

Não podemos aceitar que, acabando a exigência, terminam os problemas nas escolas. Isto é política cobarde que “protege” o ministro, mas prejudica os jovens, não os preparando para a vida profissional. O lugar onde se preparam os jovens para a vida tem de conviver todos os dias com exigência. É isso que todos queremos da Escola!

 

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