A REALIDADE DOS INCÊNDIOS – Muito recentemente alguém dizia que sem a “mão humana” não teríamos incêndios e, assim, viveríamos tranquilos para o resto dos nossos dias. Nada mais errado, perigoso e manipulador.
Perigoso, porque imputando-se diretamente à ação humana a causa dos incêndios tal equivale a uma desresponsabilização das autoridades no que respeita à luta contra os incêndios, especialmente na vertente preventiva, que constitui o pilar decisivo para evitar a criação de condições, não só para as chamadas ignições, como também para o alastramento por vezes incontrolável das chamas.
Manipulador, porque fixando-se a ideia de que só existe uma causa para a deflagração dos incêndios, para mais, incontrolável, porque parte da ação direta de cada ser humano, torna-se fácil encontrar sempre o responsável – a “mão humana” – e, assim, manipular politicamente os cidadãos. Também porque a explicação é simples para um problema complexo e a isto chama-se populismo.
Criação de Uma Estratégia
Assim sendo, as autoridades políticas, em vez de apostarem na demagogia e no populismo que nada resolve, devem criar uma estratégia que contenha as soluções para os problemas que facilitam a ocorrência de incêndios.
Como primeiro exemplo temos a necessidade de valorização dos espaços rurais, nomeadamente através de um mais apurado conhecimento da ocupação do território, que hoje é ainda uma realidade longe de um verdadeiro mapeamento. A criação de soluções para os prédios sem dono, dando ao Estado, através de registo provisório, a responsabilidade da respetiva gestão. A mudança de modelos da gestão florestal, criando ferramentas de gestão que garantam rendimento aos proprietários. Aumentar o combate às cargas de combustível no âmbito da ferrovia e rodovia, construção da rede viária florestal abrindo caminhos e melhoramento das linhas de água. Acrescentemos ainda uma maior proteção das populações e das edificações e uma modificação de comportamentos, alguns quase ancestrais, dando a conhecer as boas práticas de prevenção de incêndios.
Apontamento Histórico
Um breve apontamento histórico dos maiores incêndios conhecidos e os ensinamentos deles retirados constitui sempre uma lição a não esquecer.
O grande incêndio de Roma (64 dC), que durante seis dias fez desaparecer grande da cidade e seus habitantes, resultando na obrigação de uso de pedra e tijolo na sua reconstrução, bem como no alargamento das ruas para melhor bombater incêndios.
O grande incêndio de Londres (1666), que que deixou 200 mil pessoas sem habitação e levou à criação da primeira companhia seguradora em matéria de incêndios, a “Fire Company”. O terramoto de Lisboa (1755), que após a sua deflação antecedida de um tsunami levou à ocorrência de um incêndio que durou cinco dias e destruiu o que restou do terramoto, dando origem a uma reconstrução notável pela mão do marquês de Pombal.
O Planeta está frágil e perigoso – pandemias, guerras, alterações climáticas, fenómenos inflacionistas, ruturas no comércio internacional, problemas nas economias, crescimento dos movimentos políticos radicais -, mas é nele que vivemos e é também nele que temos diariamente de continuar a trabalhar e a contribuir para acabar com estes males e recomeçar um novo caminho sustentável, de preocupações e ações climáticas generalizara-se, principalmente, de PAZ!