ELEIÇÕES EM 2022 – Digo outra vez, como já o disse em novembro de 2015, depois da vitória da coligação PSD-CDS, que só com entendimentos ao centro, podendo até falar-se de governo de bloco central no caso de não haver outra maioria consequente possível, será possível conseguir condições de governabilidade e progresso para Portugal. O ensaio da coligação social-comunista foi um tempo perdido para o país e reafirmo a minha convicção de que não ter sido possível propiciar a realização de novas eleições em 2016, com a real possibilidade de maioria absoluta da PàF Portugal, foi uma tragédia política. Ter permitido que a coligação jocosamente chamada “geringonça” chegasse ao Governo prenunciava uma solução de conveniência, escorada apenas no combate e destruição do que tinha sido conseguido pelos Drs. Passos Coelho e Paulo Portas. Tendo durado quatro anos, como sempre julguei que duraria, seria natural que durasse mais outros quatro. Só durou seis anos porque os atores do teatro parlamentar entenderam não ser do seu interesse manter o arranjo. Sempre as conveniências.
Se das eleições 2022 surgir um quadro de forças semelhante ao de 2019, o PS não poderá reformular um acordo de governação com os comunistas do BE e PCP sem fazer um grande número de concessões, algumas das quais impossíveis à luz dos entendimentos com a UE. No entanto, no estado atual da coisa política, votar no PS será apostar numa solução que muito provavelmente acabará na repetição dos acordos à esquerda. A vontade de manter o poder cantará mais alto. Tenho defendido a evidência de que só com entendimentos que envolvam o PSD e o PS será possível reformar, no sentido de evoluir com aperfeiçoamento, alguns dos instrumentos públicos que servem os portugueses. Neste conjunto de serviços públicos, o Serviço Nacional de Saúde emerge como um dos mais relevantes. É preciso que o PSD ganhe as próximas eleições e, se não o conseguir, deve procurar e forçar entendimentos sobre as grandes questões de regime, como as do direito à proteção da saúde. Qualquer acordo de regime só será possível se o PS recuperar e manter a sua identidade social-democrata, europeia, moderada, livre de expressar opiniões, aberta à crítica, defensora de uma economia de mercado e de forte compromisso com instituições como a UE e a OTAN. A convergência natural do PS deveria ser com o PSD e não com BE ou PCP, pese embora o fidelíssimo pendor de alguns dos seus dirigentes mais “Barbudos”.
Depois das eleições, por mais bipolarizadas que elas sejam, PSD e PS deverão procurar entender-se. Se o PS ganhar, o entendimento mais provável para a solução de governo será outra vez com BE e PCP, sem possibilidade de alguma reforma. Se o PSD ganhar, o PS, saído de uma derrota, terá de cooperar se quiser recuperar os seus valores de modernidade e moderação política de cariz europeísta, se quiser recuperar influência, se quiser regressar à imagem de liberdade, livre da extrema-esquerda a que esteve amarrado. Só com um PSD mais forte e com mais deputados poderá haver mudanças em Portugal, incluindo no PS. Portanto, a fragmentação de votos à direita do PSD será desperdiçar oportunidades de querer contribuir para a mudança.