OTIMISMO
Quando tudo o que se ouve e escreve sobre o estado da Saúde em Portugal tende a ser deprimente e pessimista, uma brisa de otimismo é ainda mais bem-vinda. Otimismo é o que se ganha quando se lê Sonhando com Um Hospital Otimista, de Florent Amion e José Fonseca Pires, edição AESE Business School de 2018. Florent Amion é um homem da indústria ligada à prestação de cuidados de saúde que observa hospitais há muitos anos. José Fonseca Pires é um distinto colega, médico, com uma brilhante carreira na docência de matérias relacionadas com a gestão de unidades de saúde. Juntaram-se e fizeram um livro que tem muitos atrativos. Não é extenso, apesar das suas 295 páginas. É claríssimo na mensagem, nos propósitos e na organização. É original. É um livro ilustrado, muitíssimo bem ilustrado, por Fernando Jiménez, como os livros infantis que nos encheram de alegria e… otimismo. É uma história feliz. Desenganem-se os que imaginarem que é um livro simples. Foi complexo e moroso de elaborar. É rápido de ler, mas, por isso mesmo, pode ser relido muitas vezes. Deve ser relido muitas vezes. É cientificamente sólido. Parece um sonho, como o título indica, mas também não é isso. É um roteiro para a mudança. É um guião para quem quiser mudar, para quem a mudança é um imperioso caminho para fazer melhor e mais. Primeiro, melhor, e só depois, mais. Como se lê, “O manager positivo é um líder transformacional”. Existem hospitais como o que Amion e Fonseca Pires nos propõem. Poucos em Portugal. Façamos um igual. Mais um, a partir de outro onde falta quase tudo, materialmente e também no que ao otimismo concerne. O otimista não se conforma, não desiste de lutar, exige mais. Porque acredita que é possível, vai ser possível. O otimista protesta, agita, quer mais. Acima de tudo, o otimista acredita que é capaz e é muito realista, porque o otimismo a isso obriga. O otimista deste hospital, o otimista que dá o nome a este hospital não é uma personagem de Voltaire. Desses, já estamos cheios. O otimista não é um negacionista. Este livro é um resumo, excelente resumo, de um vasto conjunto de conhecimentos sobre gestão por missões, motivação e alinhamento do individual com o coletivo, para o êxito da instituição prestadora de cuidados. Para o cumprimento do que os clientes esperam, a satisfação das suas necessidades, neste caso a manutenção ou recuperação do estado de saúde. É um manual de Governação Clínica, um compacto de lições de Gestão Hospitalar para administradores e profissionais. Como está escrito no prólogo, referindo-se ao livro, “Tens na tua mão uma pequena joia”. Queira ter a sua também. Pode encontrá-lo na livraria da AESE e, talvez, em alguma livraria mais especializada. A minha sugestão é que o Ministério da Saúde adquira já umas centenas de exemplares, se ainda for a tempo, e os distribua aos seus gestores do SNS. Diz-se que vai trocar (a esta hora já terá feito substituições) uns quantos administradores. Pois bem, comece por motivá-los e ofereça-lhes o mapa para o Hospital Otimista. Os portugueses agradecerão. O SNS será bem melhor se o enchermos de Hospitais Otimistas.