LINGUAGENS – Com a abertura da sociedade a permitir a realização mais fácil de reuniões presenciais, ainda que com o respeito pelas normas de bom senso que a persistência do vírus aconselha, tenho tido nas últimas semanas cada vez mais oportunidades de voltar a dialogar diretamente sobre os desafios europeus com diferentes público. Consciente do meu papel de representante eleito, procuro em cada oportunidade transmitir uma mensagem adequada aos meus valores, aos interesses e às características de quem me escuta e criar espaço para ouvir, registar as dúvidas e inquietações e abrir pistas de resposta, procurando que a reflexão em torno das questões seja um momento de partilha e de aprendizagem.
Tentar fazer não significa conseguir fazer. É mais fácil ser bem-sucedido em ambiente escolar, nos diversos patamares, onde existe um registo pedagógico subjacente, ou em contexto de tertúlia jogando com o conhecimento e a cumplicidade entre os participantes, do que em contextos tradicionais de palestra ou conferência, onde a perceção de que se participa para ouvir alguém falar, exige mais esforço para criar ambientes de diálogo fecundo.
A crítica de que o Parlamento Europeu e os parlamentares europeus comunicam pouco aquilo que fazem é recorrente. Normalmente no final de uma conversa sobre temáticas europeias, os meus interlocutores interpelam-me nesse sentido. Dizem que não faziam ideia da importância e da dimensão do trabalho feito pelos seus representantes na casa europeia da democracia e desafiam-nos a comunicar mais e melhor.
Reajo normalmente a essas interpelações explicitando o esforço que fazemos para comunicar com as diversas ferramentas de que dispomos e exprimo a dificuldade em chegar aos media generalistas com temas que pela sua natureza são complexos. Peço também sempre conselhos e ideias que me ajudem a melhorar, não apenas no exercício do meu mandato, mas também na prestação de contas sobre ele e na capacidade de entusiasmar cada vez mais pessoas para desenvolverem o seu sentido de pertença à parceria europeia e a combaterem o vírus paralisante da indiferença. Numa palestra recente, influenciado pelo facto de ter estado algumas horas antes num diálogo com alunos de uma escola secundária, diálogo com alunos da escola secundária, na minha apresentação inicial fiz alguns paralelos com a linguagem que estava a utilizar e os exemplos e imagens que tinha usado para comunicar com os jovens estudantes. Esse facto motivou uma sugestão de um participante que registei e que espero conseguir levar em conta. Disse-me que quando ouvia os eurodeputados, sentia que eles caíam na tentação de graduar a sofisticação da linguagem em função do público para quem se estavam a dirigir e isso era um erro. A solução seria, segundo o orador, adaptar a linguagem em função dos interesses e especificidades da audiência, mas mantê-la sempre num patamar máximo de simplicidade e assertividade.
Pareceu-me um excelente conselho. Não é um exercício fácil, nem um caminho sem risco, mas merece ser tentado e não apenas pelos eurodeputados.