CARLOS ZORRINHO

VISTO DE CASA,hoje dia 11/05/2020 – Esta vida virtual é mais cansativa do que parece, mas também tem os seus momentos reconfortantes. Na passada sexta-feira tive a oportunidade de participar através de uma plataforma de teleconferência numa conversa com dois jovens empreendedores portugueses, seguida por muitos outros na página do Facebook da “Global Shapers Lisbon”.

A qualidade das perguntas que colocaram, só por si, justificou os 40 minutos de diálogo. (podem verificar o que digo, na referida página ou na partilha que fiz do vídeo na minha página). Como nem todos terão tempo ou vontade de rever o que aconteceu, gostava de refletir convosco sobre uma pergunta particularmente direta e assertiva que me foi colocada. Que razões tem um jovem de 25 anos para considerar que ser um cidadão da União Europeias é algo de positivo?

Para os jovens que tem agora uma idade próxima dos 25 anos e cuja memória coletiva já não é assombrada pelos medos da guerra ou da supressão da liberdade, é fundamental encontrar outras motivações para valorizarem a sua condição de cidadãos europeus.

A União Europeia, líder na transição energética, na visão humanista da sociedade, na tolerância e na aceitação da diversidade é um dos melhores territórios para se ser um jovem com 25 anos. Mas não basta dizer. É preciso convencer.

Quando a pergunta é feita, como foi, por jovens empreendedores bem-sucedidos, imaginem as dúvidas que assaltarão tantos outros que ainda estão longe de concretizar o seu projeto de vida. Esta geração vive num grau de incerteza próprio dos novos tempos, com muito mais oportunidades do que a minha geração, mas também com muito mais riscos.

A resposta mais fácil é devolver a pergunta? Em que outros territórios do mundo há melhores condições para que um jovem de 25 anos possa realizar os seus sonhos. Haverá alguns, mas são muito poucos. O afluxo continuo de jovens migrantes e refugiados ao território europeu deve fazer-nos pensar em perspetiva. Mas ser menos maus que os outros não é grande consolo.

A nova geração de europeus tem o desafio extraordinário de ser parte de uma dinâmica de descarbonização da sociedade que permita salvar o planeta e de um processo de digitalização que sirva as pessoas e não as capture, gerando empregos e oportunidades de negócio suficientes para envolver todos na sua concretização. Nada acontece por magia.

As escolhas políticas serão decisivas. É preciso qualificar todos e não apenas uma elite. As escolhas e atitudes pessoais também. Só aquilo que se consegue imaginar e desejar com determinação, paixão e empenho, se pode converter em realidade com bons resultados. Até amanhã a todos, com muita ambição e muita saúde.