ESTRATÉGIA EUROPA 2020: TAKE 2
A Estratégia Europa 2020 é a estratégia europeia para o crescimento aplicável na década 2010/2020. Esta estratégia sucedeu à Estratégia de Lisboa, que vigorou entre 2000 e 2010. Tendo em conta a avaliação do impacto da Estratégia de Lisboa, a nova estratégia pretende ser mais eficaz no plano da concretização e constituir ao mesmo tempo o lado económico da dimensão orçamental do Semestre Europeu nos países da zona euro. Desenvolvida em torno de cinco grandes objetivos quantificados no domínio do emprego, da investigação e desenvolvimento, do clima e energia, da educação e inclusão e da redução da pobreza, e de sete bandeiras centradas na inovação, na economia digital, no emprego, na juventude, na política industrial, no combate à pobreza e na eficiência na utilização de recursos, a Estratégia Europa 2020 teve nos seus primeiros cinco anos de aplicação um impacto muito abaixo do esperado. Num documento de avaliação publicado pela própria Comissão Europeia1 reconhece-se que a estratégia não se impôs politicamente e não conseguiu cumprir os objetivos a que se propunha. Das várias metas estabelecidas, apenas as que se referem ao clima e energia estão em linha com o previsto. Em tudo o mais, os resultados estão sublinhados a vermelho e refletem uma única ideia – falhanço. A Estratégia de Lisboa, que vigorou entre 2000 e 2010, teve duas revisões intercalares. Uma em 2005, que a focou no crescimento e no emprego, e outra em 2008, visando dar resposta à crise financeira e social que então emergiu. As revisões permitiram melhorar o seu desempenho. O resultado final foi em larga medida submerso pela grande crise financeira, mas na minha opinião (não isenta, porque coordenei a Estratégia de Lisboa em Portugal entre 2005 e 2010 e fui membro da Rede Europeia de Coordenadores Lisboa nesse período) foi globalmente positivo a partir da sua revisão. Temos por isso que aproveitar a revisão intercalar da Estratégia Europa 2020 para corrigir erros, dar-lhe um conteúdo político mais forte e aproveitar para integrar e potenciar iniciativas como a União da Energia ou a União Digital para impulsionar a concretização dos objetivos e das bandeiras da estratégia. Esta é também a altura de corrigir partes do guião, mas sobretudo de alterar o elenco de concretização. A Europa está tolhida por uma enorme crise de identidade e de propósito. A Estratégia Europa 2020 revista tem que deixar de ser uma estratégia para os mercados e passar a ser, antes de mais, uma estratégia para as pessoas. O primeiro passo nesse sentido deverá ser colocar as pessoas a discutir a estratégia. Lançar um grande debate público sobre o futuro da União Europeia e sobre a forma como se pode retomar o emprego, o crescimento, a aposta na educação e investigação e a redução das desigualdades e da pobreza. É assim que eu vejo e desejo o take 2 da Estratégia Europa 2020.