A FRONTLINE comemora mais um aniversário. No início deste projeto editorial, a agenda do Plano Tecnológico (PT) começava a gerar resultados na modernização da sociedade e da economia portuguesa. Fui coordenador do PT e colunista habitual desta revista, sem total coincidência no tempo, mas com absoluta coincidência no propósito: lutar por um Portugal melhor. A Frontline afirmou-se enquanto o PT foi congelado. Espero, como cidadão e colunista, “assistir” ao degelo do PT. Os programas europeus, nacionais e regionais de incentivo à competitividade económica no espaço europeu defendem a conceção e a aplicação de estratégias de especialização inteligente que permitam gerar sistemas de investigação, inovação e investimento sustentáveis no plano económico, social e ambiental. Os referenciais da parceria Portugal 2020 são o crescimento verde, azul, a aposta digital e a resposta aos desafios do envelhecimento. No plano teórico temos uma boa base, só enfraquecida pela pouca importância dada ao posicionamento e à logística e pelo abandono dos incentivos à eficiência coletiva. Mas teremos as condições e as ferramentas mobilizadoras para concretizar a estratégia? Para evitar a fragmentação dos recursos e fazer escolhas em áreas em que podemos acrescentar valor, mantendo um bom balanço económico e social, como as novas energias, o turismo, a floresta, a moda, o agroalimentar, os serviços tecnológicos, os serviços para a terceira e a quarta idade, a reabilitação urbana ou a indústria limpa, não temos. A última agenda de mobilização para uma especialização inteligente que Portugal teve foi o PT. Importa pensar no que poderá ser um PT desenhado em 2015. Passou uma década e muito se alterou. O espaço do betão ficou livre. Infelizmente ainda não foi substituído por cérebro. E é isso que temos que fazer. O primeiro desafio é o posicionamento. Como periferia, não há estratégia nem inteligência que nos salve. Temos que apostar na educação para estarmos no centro do mundo (inglês, banda larga, português, matemática) e escolher âncoras de especialização que definam o nosso rating no comércio global. Está na altura de desenharmos as regras duma nova globalização. De sermos o Laboratório do Mundo. De sermos líderes nas energias verdes e na mobilidade inteligente (União da Energia), enfrentando a dependência energética. De sermos líderes na inclusão digital (União Digital), enfrentando a dependência dos motores alheios. De sermos líderes nas soluções (saúde, habitação, acompanhamento) para os mais idosos, enfrentando o declínio demográfico. De sermos líderes na diversidade, enfrentando a intolerância. Em Portugal temos tudo para sermos o living lab desta estratégia de especialização inteligente. É tempo de descongelar o PT e de lhe dar uma forma adequada aos desafios dos tempos de hoje. Confio no calor da democracia já neste outono.