2025: REFLEXÃO, ESPERANÇA, AÇÃO!
O ano de 2024 chegou ao fim. Terminado um período tradicionalmente festivo, em que as cores da solidariedade e da união ganharam outra vida, um período de família e de amizade, olhamos para 2025 como um momento em que renovamos a esperança.
Estamos perante uma janela de oportunidade para nos perguntarmos honestamente o que é o justo, o que é o razoável, o que é ético. Para que nos possamos questionar sobre o que devemos fazer de diferente, o que podemos fazer de melhor, para que este novo ano seja mais positivo e mais feliz do que o ano do qual nos acabámos de despedir.
Nesta transição ainda nada mudou: continuamos a viver tempos muito complexos que se refletem nas alterações climáticas, num fanatismo político e religioso, num radicalismo nas sociedades ocidentais. A guerra no coração da Europa continua a marcar a agenda do dia.
Mas em Cascais, este ano que passou deixou-nos as experiências do caminho que percorremos em conjunto. Um caminho de união, de solidariedade e de conjugação de esforços. É, portanto, tempo de olharmos para tudo o que construímos juntos e para os desafios que ainda temos pela frente.
Desafios estes que, a nível político, em 2025 terão um papel fundamental. É ano de eleições autárquicas e para o alinhamento dos candidatos à Presidência da República. Assistiremos, em território nacional, ao maior, mais abrangente e mais democrático escrutínio público de milhares de candidatos, independentes ou dos partidos, que abraçam as causas das suas comunidades.
Eleições autárquicas
As eleições autárquicas são particularmente importantes, por várias razões.
Em primeiro lugar, contam-se mais de uma centena de presidentes de Câmara a cumprir o limite legal de mandatos e, por essa razão, impedidos de se recandidatar – situação na qual se enquadra o autor destas linhas. Isto provocará, necessariamente, mudanças de estilos, de lideranças e, em alguns casos, de ciclos políticos.
Em segundo lugar, cada vez mais os grandes desafios que o país enfrenta dependem da capacidade executiva das equipas autárquicas. Veja-se os temas que mais preocupam por estes dias os portugueses e onde mais se notam anos e anos de desinvestimento do Estado Central: Saúde, Educação, Segurança ou até Imigração. Nenhum destes temas pode ser trabalhado sem o envolvimento e cooperação do poder autárquico.
Por último, o Estado também depende em grande medida das Câmaras Municipais para executar o PRR. Não há tempo a perder, não pode ser concedido um milímetro mais à burocracia, não pode haver complacência para a procrastinação, sob pena de o país perder muitos milhões e deixar projetos estruturantes na gaveta.
Um ano de escolhas difíceis
2025, também pelo contexto internacional muito adverso, será um ano de escolhas difíceis. As guerras quentes continuam nas nossas fronteiras e as guerras frias estão a formar-se no nosso horizonte, com a globalização a desembocar num beco sem saída e as forças protecionistas e nacionalistas a ganharem terreno.
As pessoas esperam, legitimamente, que as suas lideranças lhes apontem um caminho, lhes induzam esperança, ajam sobre os problemas e mostrem empatia e compreensão pelas dificuldades do cidadão comum. Penaliza-se menos uma liderança que erra ao tentar, do que aquela que, ao tentar fazer tudo bem, se esconde, se afasta e finge que os problemas se resolvem com declarações bem-intencionadas.
O leitor pode justamente pensar que sou juiz em causa própria. Ao fim ao cabo, não passo de um autarca a defender uma boa liderança. Mas não me interprete mal. Deste lado está um presidente de Câmara no seu último mandato, impedido por lei de concorrer a uma nova eleição, e o que aqui escrevo é um contributo para repensar o caminho daqueles que se seguirão.
Mensagem de esperança
Deixo para a minha última mensagem de Ano Novo nesta publicação o ensinamento daquele que é talvez hoje a grande referência de liderança do mundo contemporâneo, o Papa Francisco. É importante que todos os líderes mundiais tenham em mente que é urgente Re-Pensar a era em que vivemos. Re-Humanizar o mundo com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tornando-o mais humano e sustentável. Re-Criar um mundo baseado na compaixão, justiça social e equilíbrio com a natureza, como nos diz a encíclica Laudato Si, escrita pelo Santo Padre.
Nessa obra destaca-se a urgência de cuidar da “nossa casa comum”, propondo uma ecologia integral que protege o meio ambiente e, mais ainda, restaura a dignidade humana. Este ano obriga-nos a elevar o olhar e a ter esperança num mundo melhor. Num país melhor. Um país com uma herança de liberdade, de democracia, de humanismo, de ação política e de profunda convicção no potencial da pessoa, de cada pessoa. É no somatório de pequenos passos individuais que se operam grandes transformações globais.
Faço votos para que consigamos prolongar por todo o ano de 2025 este mesmo espírito de comunidade unida, solidária e ativa. A todos os leitores e colaboradores da Frontline deixo os meus votos de um 2025 com saúde, felicidade e prosperidade.