FIRMEZA NOS PRINCÍPIOS E DETERMINAÇÃO NA AÇÃO
Cascais tem uma identidade de humanismo e de universalismo que é evidente na tolerância, na abertura ao mundo e na solidariedade para com o próximo, que cada cidadão do nosso concelho mostra a todo o tempo e que fez de nós um destino e uma aspiração para os homens e mulheres do mundo.
O Estado, seja a nível nacional ou local, está confrontado com desafios de grande dimensão e intensidade, os seus líderes são convocados a dar o exemplo, e a população a viver grandes dificuldades corre o risco de perder a esperança, e um país sem esperança é um país sem futuro.
Num tempo de escolhas difíceis, as pessoas esperam, legitimamente, que as suas lideranças lhes apontem um caminho, lhes induzam esperança, ajam sobre os problemas e mostrem empatia e compreensão pelas dificuldades do cidadão comum. Penaliza-se menos uma liderança que erra ao tentar, do que aquela que ao tentar fazer tudo bem se esconde, se afasta e finge que os problemas se resolvem com declarações bem-intencionadas, muitas das vezes faltando à verdade.
As famílias, as empresas e os governos estão em doloroso processo de adaptação a este novo normal de imprevisibilidade.
Lições a reter
Sabemos como começaram estas crises. Não temos, porém, a mínima ideia de como vão acabar. Como líder de uma comunidade de 214 mil pessoas, uma das maiores do país, há algumas lições que aprendi e que servem como referencial de estabilidade em tempos de revolução. Esses ensinamentos servem para todos os domínios da nossa vida coletiva.
Primeira lição: as pessoas devem ser, sempre, o princípio e o fim de toda a nossa atividade. Esta é uma verdade para uma Câmara Municipal, mas também o é para um Governo (as políticas só fazem sentido se servirem as pessoas), para uma empresa (só o cliente importa e nenhuma forma de organização económica terá sucesso se não se compreender como parte de um todo maior, a comunidade em que se insere, com o qual mantém uma relação simbiótica, não predatória) ou mesmo para uma família (devemos tratar os outros como gostaríamos que nos tratassem a nós). Se o foco nas pessoas for mantido, pode o mundo cair vezes sem conta que o reconstruiremos quantas vezes forem necessárias. Porque nunca perderemos a essência do que nos torna melhores, mais solidários, mais dignos e mais livres.
Segunda lição: manter as contas certas. A sustentabilidade financeira não é, por si só, fator de diferenciação ou sucesso. Mas, inversamente, é uma das principais causas do fracasso das empresas, dos Estados e até das famílias. Em períodos de instabilidade, a parcimónia é uma virtude cardeal. Se nos desenvencilharmos do supérfluo e focarmos no essencial, ganhamos almofadas que amortecem os choques da crise. A parcimónia, a moderação, a regra, são valores que ganharam má fama no tempo voraz dos instagramers e dos facebookers. São elas, porém, que nos permitirão acudir a quem mais precisa quando mais for preciso.
Terceira lição: não parar os projetos que nos conferem vantagens competitivas. As crises são sempre boas desculpas para pôr de lado investimentos, cortar orçamentos de inovação ou adiar aquelas obras urgentes. Garantindo a sustentabilidade financeira, é importante que todos os projetos que trazem valor à nossa vida, às nossas empresas ou organizações não sejam travados pela incerteza. Quando isso acontece, quase sempre acabamos por sair da crise em pior situação do que quando nela entrámos. Por isso mesmo, em Cascais não travámos nenhuma das nossas obras estruturantes – daquelas que servem as pessoas e as suas necessidades.
Servir pessoas
Em tempos de pandemia, apostámos na cultura com a requalificação do Edifício Cruzeiro no Estoril – a nova centralidade da Vila das Artes –, com a criação do Museu da Misericórdia de Cascais, com o Museu do Bombeiro em Alcabideche, com o Casal Saloio de Polima, e depois de anos e anos de negociações com o Estado Central, votámos em reunião de Câmara a passagem para o domínio municipal da Bataria da Parede por um período de 50 anos, permitindo a criação de um grande parque verde urbano (o maior da freguesia) e um núcleo museológico de artilharia de costa que honre a tradição militar portuguesa.
Porque sabemos que o Estado Social está sob pressão, e que são os mais desprotegidos que mais sofrem na pele o desinvestimento nos serviços públicos, mantivemos a nossa política de fortíssima aposta na saúde, com a construção de dois novos Centros de Saúde – um em Carcavelos, já concluído, e outro em Cascais, cuja obra já arrancou –, ou ainda com o serviço de teleconsultas gratuitas e universais para os cascalenses, para além da requalificação e ampliação dos já existentes centros de saúde.
Com o país parado, fizeram-se intervenções em todas as escolas com melhoramentos significativos para professores, pessoal não docente e alunos. Simultaneamente, ultrapassámos todos os procedimentos legais e burocráticos para construir a nova Escola Secundária de Cascais (provisória há mais de 50 anos), para ampliar e beneficiar a Escola Ibn Mucana, a Secundária Fernando Lopes Graça, o Liceu de São João ou erguer o novo Pavilhão Multidesportivo da Escola de Santo António na Parede, depois de termos requalificado todas as outras.
Priorizámos o Ambiente como política transversal a todo o território e levámos a cabo intervenções de grande monta em todas as ribeiras, para além de termos alargado a rede de espaços verdes e parques públicos, valorizando cada vez mais o nosso Parque Natural, sem esquecer o investimento em adaptação e/ou mitigação das causas que promovem as alterações climáticas, a mais perigosa guerra ou pandemia com que nos confrontamos. Disto são exemplo a aposta nos transportes públicos rodoviários gratuitos e na disseminação de produção de energias renováveis, em especial a solar.
Com firmeza nos princípios e determinação na ação, seremos capazes de ultrapassar as dificuldades que se erguem à nossa frente e emergir da crise mais competitivos e solidários.