O CUSTO DE NÃO AGIR É MUITOMAIS CARO DO QUE O DE AGIR
No passado mês de maio decorreu na NOVA SBE, em Carcavelos, a 2.ª edição da conferência “Autarcas pelo Clima”, uma oportunidade para as autarquias aprofundarem o seu conhecimento e as estratégias de desenvolvimento sustentável.
Tendo em conta os principais cenários e respetivos riscos e considerando a relação de proximidade com os seus concidadãos, são as autarquias a primeira estrutura governamental a ter impacto nas suas vidas. Este é um esforço que temos de ser capazes de fazer agora, se queremos preservar o planeta e mostrar o mínimo de solidariedade face às gerações dos nossos filhos e netos. É tempo de agir. Amanhã é tarde.
A batalha é feita nas cidades, visto que estas são responsáveis por 75% de emissões a nível mundial. É urgente serem implementadas ações que ajudem o ambiente, porque o custo de não agir é muito mais caro do que o de agir. E por falar em custos, também que fique claro que não é um recurso que escasseie, já que os financiamentos europeu, nacional, local, do setor financeiro e até do empresarial não irão faltar. A falta de financiamento também não é desculpa para não agir. Só por falta de vontade ou de inteligência, cada um de nós, autarcas, não fará os investimentos necessários para cumprir as metas da descarbonização. Todos os esforços rumo à neutralidade carbónica são poucos para garantir o cumprimento das metas definidas pelo Acordo de Paris.
RUMO À NEUTRALIDADE CARBÓNICA
É fundamental investir porque cada euro investido multiplica-se em muitos outros fatores e, ao contrário de outros tempos, não falta dinheiro para o fazer. Importa recordar que entre os programas Portugal 2020, Portugal 2030 e Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), há muitos milhões para investir e esta é uma oportunidade única. No entanto, mais do que dinheiro para in-vestir, é preciso que os municípios estejam alinhados e envolvidos neste desafio de atingir a neutralidade carbónica. Com as sociedades em crise por variados fatores, só há um caminho, o de criar uma economia mais verde que nos garantirá sustentabilidade e soberania no longo prazo, a par de uma necessária mudança de atitude. Dada a ameaça real das alterações climáticas, que já se fazem sentir com o aumento do nível das águas do mar, incêndios florestais, entre outros fenómenos naturais, apostamos em ações preventivas, para a mitigação e adaptação a estes fenómenos. Tornar o município mais resiliente às alterações climáticas com o contributo de projetos dos cidadãos, de qualquer dimensão, foi sempre o nosso principal foco. É hoje claro que a transição para uma nova era será muito dura para determinados setores das nossas economias. Es-tamos a falar de empregos e de pessoas, em última análise. Além disso, decidir matérias desta complexidade por unanimidade é uma tarefa de grande magnitude. Acresce a isto o facto inescusável de que toda a política é essencialmente local.
UMA AGENDA DE SUSTENTABILIDADE
As cidades não são estáticas, são organismos vivos, mudam e crescem, adaptam-se – com o planeamento sustentável e o desenvolvimento económico solidário gerador de prosperidade para o maior número. Uma agenda de sustentabilidade é um imperativo de cidadania, do moderno planeamento urbano e também de uma nova economia mais solidária. É sob a égide da moldura dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) – tão universal quanto consensual – que Cascais continuará a trilhar o caminho da revolução verde. Ela é visível em muitos domínios da vida económica e social. Seja na mobilidade sustentável, com uma rede de transportes públicos gratuita e com autocarros de última geração, incluindo os movidos a hidrogénio; seja na redução dos resíduos em aterro, com um inovador projeto de reciclagem (o iREC) que já desviou milhares de garrafas de plástico das lixeiras; seja nos ecocentros móveis que criaram novos circuitos dedicados de reciclagem para toneladas de eletrodomésticos, livros, discos e outros; seja nas três piscinas municipais que, com sistemas mais inteligentes, poupam 10 mil metros cúbicos de água por ano. Também a aposta em acelerar a transição energética com o envolvimento da comunidade, seja pela plantação de florestas marinhas como já estamos a fazer, ou ainda na apos-ta que tem tido excelentes resultados, do aumento da biodiversidade, quer a nível da fauna, quer a nível da flora. É urgente que todos compreendam que a pandemia climática não será ganha se os cidadãos não forem aliados nesta causa. Todos podem fazer a sua parte mudando os seus padrões de consumo e de hábitos. Em Cascais o caminho faz-se caminhando. Com ambição e coragem. A nossa revolução verde não será travada. A democratização da qualidade de vida é inegociável. Todos temos de cuidar da nossa casa comum.